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H-Bio pode ser melhor alternativa do que o biodiesel

Petrobras diz que o volume de investimentos para adaptação ao processamento do óleo vegetal será pequeno


O biodiesel, produzido a partir de vários óleos vegetais, pode estar com seus dias contados se o H-Biodiesel –– novo biocombustível desenvolvido pela Petrobras –– for viável comercial e industrialmente. A análise é do coordenador do Pólo Nacional de Biocombustíveis, Weber Amaral –– centro de pesquisas sediado na Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). A vantagem do novo produto para o consumidor é a certeza de um valor mais baixo do que o pago pelo diesel fóssil, pois os custos com transporte devem ser menores neste novo processo tecnológico.

Para Amaral, o abandono da produção de biodiesel da forma tradicional –– quando óleo ou os grãos (soja, mamona ou outro) são processados em uma unidade produtora de biodiesel –– pode acontecer mediante ao sucesso do H-bio.

“Se o novo combustível se tornar uma realidade, se o H-Bio for tudo o que está se falando, tem um ótimo potencial porque nós não precisamos mais produzir biodiesel da forma que está sendo feita”, afirma o coordenador do pólo.

Porém, para o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o novo processo não compete com o programa de biodiesel, uma vez que, para ele, tais iniciativas são complementares e visam aumentar a oferta de óleo diesel no país, reduzindo as necessidades de importação do produto.

Mas, na balança entre o biodiesel e o H-bio, Amaral afirma que o novo biocombustível não ajuda a desenvolver o mercado para o biodiesel comum. A Petrobras, por sua vez, através da assessoria de imprensa, não quis comentar sobre a concorrência para a matéria-prima.

“O H-Bio vai impulsionar a atividade agrícola, abrindo um leque para os óleos vegetais que, hoje, estão disponíveis e que têm uma super oferta. Se esse produto que a Petrobras está desenvolvendo, se tornar uma realidade, vai dar uma alternativa muito importante para o uso desse óleo vegetal”, diz Amaral.

Longe - E o projeto da Petrobras anda a passos largos. A estatal divulgou que testes industriais recentes, realizados na Refinaria Gabriel Passos (Regap), confirmaram a viabilidade técnica e comercial do processo, cujo registro de patente já foi solicitado ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) Comprovada a viabilidade comercial, faltam apenas a positivação dos estudos referentes à logística de distribuição e construção de refinarias e de novos tanques de armazenamento do óleo.

Costa, da Petrobras, chegou a afirmar que o volume de investimentos necessários nas unidades para adaptação ao processamento do óleo vegetal será pequeno perto do ganho obtido com a substituição do diesel mineral. “Se o processo resultasse num diesel mais caro do que o atual, certamente teríamos arquivado o projeto”, comentou.

A garantia de um preço mais baixo ao consumidor depende, ainda, de outros fatores, alerta o coordenador do pólo. “O preço do diesel vai abaixar com certeza, dependendo da oferta da matéria-prima com preço razoável e do valor do petróleo.

Diferenças - A principal diferença entre os biocombustíveis é que, no caso do biodiesel, o óleo, originado de grãos como de mamona, girassol, soja, ou dendê, é adicionado ao diesel nas distribuidoras, após passar por um processo químico em uma planta de transesterificação (reação entre um éster e um álcool que leva à formação de um novo éster e um novo álcool).

Já no caso do H-Bio, o óleo vegetal entra no processo de refino do petróleo, juntamente com hidrogênio. O resultado deste “mix” é um diesel equivalente ao comum, mas com quantidade reduzida de enxofre e, por isso, menos poluente.

Previsões - A Petrobras tem como projeto de implantação e consolidação da nova tecnologia um cronograma dividido em duas etapas: na primeira (2007-2008), o desenvolvimento da logística de produção acontecerá em duas refinarias (Regap, em Minas Gerais, e Repar, no Paraná). A médio prazo (2009 a 2011), a estrutura necessária se estenderá às demais refinarias que apresentem viabilidade de implantação.

A partir do ano que vem, haverá economia de pelo menos 10% do diesel importado para suprir o mercado nacional, o que será feito com a adição de até 18% de algum tipo de óleo vegetal refinado de menor valor. Em curto prazo, nos próximos dois anos, o novo processo utilizaria 10% de óleo vegetal corresponde à 256 mil metros cúbicos ao ano. O Brasil exportou, no ano passado, 2,7 milhões de metros cúbicos de óleo vegetal.

Entre as vantagens anunciadas pela Petrobras estão: a pouca influência da qualidade e procedência do óleo vegetal no processo; não-geração de resíduos a serem descartados; melhoria na qualidade do óleo diesel; não há necessidade de adaptação dos motores já em circulação; e benefícios ambientais com redução de emissão de poluentes.

“Se essa nova tecnologia trouxer flexibilidade no desenho desse modelos de combustível, como a tecnologia do álcool, classifico como ótimo. Nós, do pólo, temos sempre preconizado que quanto mais flexibilidade a gente der em termos de oferta de biocombustíveis, mais interessante é para a gente ter uma flexibilidade de oferta ou de redução da nossa dependência com combustível fóssil. E, se isso for uma tecnologia nacional, temos que dar os parabéns para a Petrobras”, conclui Amaral.

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