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A cada safra uma história: 28 de julho - Dia do Agricultor

Em nome de todos agricultores vamos conhecer a história de quatro personagens


Foto: Eliza Maliszewski

No dicionário a palavra agricultor define “quem se dedica à lavoura, à agricultura ou trabalha no cultivo da terra”. E é preciso dedicação para superar os obstáculos do clima, do mercado, das pragas e doenças, do dia a dia no campo. Se para muitos a impressão é que os dias na agricultura passam com tempo menos acelerado, na calmaria, para quem vive a atividade nem sempre é assim. A responsabilidade de colocar na mesa de milhares de pessoas o alimento e tirar disso o seu próprio sustento gratifica mas tem seus desafios.

No dia 28 de julho, desde 1960, é celebrado o Dia do Agricultor. A data lembra a criação do Ministério da Agricultura, no mandato de Juscelino Kubitschek. Pequenos, médios ou grandes produtores rurais todos compartilham dos mesmos sentimentos mesmo que em situações diferentes. Há os que ainda preparam a terra com arado ou enxada e os que usam modernos equipamentos, com agricultura de precisão e conectividade a serviço do monitoramento e das altas produtividades. Geralmente o ser agricultor veio das gerações anteriores e foi passado aos mais jovens com o mesmo amor dos precursores.

Neste dia vamos conhecer quatro histórias de agricultores que não se conhecem mas que compartilham o plantar e colher:

“Gosto do trabalho na terra”

A Zélia é uma pequena agricultora do município de Dom Feliciano, região Centro Sul do Rio Grande do Sul. Ela e a família se dedicam ao plantio de tabaco como atividade principal e também cultivam milho, feijão e hortaliças para consumo próprio. Filha de agricultores ela deixou o campo aos 10 anos de idade e iniciou a vida profissional em um escritório de contabilidade. Anos depois o sentimento pelo campo falou mais alto e ela retornou à atividade, onde está há mais de 20 anos.

“Todos ficaram admirados de como eu deixei um serviço de escritório pra trabalhar na agricultura. Mas eu sempre gostei apesar de ser árduo e pesado. No começo foi mais fácil. Hoje, aos 51 anos, as dificuldades já aparecem como as dores no corpo e trabalhar com sol quente de verão. Apesar do pouco incentivo ao pequeno agricultor continuo firme. Gosto do trabalho na terra. Além de ajudar o marido na lavoura as agricultoras ainda tem os afazeres de casa”.


“Agricultura é superar as adversidades”

O Júlio é conhecido por muita gente. Hoje está a frente de uma das mais importantes e atuantes associações do agronegócio. É presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), com 170 associados. Mas acima de qualquer cargo se define agricultor. Ele é um dos precursores do hoje notável agronegócio do Oeste da Bahia. Gaúcho de origem, ele e a família foram para Barreiras (BA) no final dos anos 80. A agricultura está no sangue. O bisavô dele veio da Itália e se estabeleceu no município de Casca, norte do Rio Grande do Sul, onde criava gado e plantava erva-mate. Com a mecanização passou para a soja. Busato se formou em Agronomia e junto com pai e os três irmãos se arriscaram a plantar soja e alguns pivôs de feijão no Oeste baiano. O que começou com pouco mais de 800 hectares hoje representa 14 propriedades. Planta soja, algodão e milho. Hoje os dois filhos dele são agrônomos e envolvidos no setor, junto com a esposa que atua no Núcleo de Mulheres do Agro.

“Acho que a agricultura está nas nossas raízes. É um excelente negócio, além do financeiro, mas com o orgulho de produzirmos o alimento para a população. Eu nunca pensei em fazer outra coisa. Desde os 13 anos eu já ajudava na lavoura, capinando, arrancando soja com a mão, trabalhando com trilhadeira. Nós saímos em busca de oportunidades na Bahia especialmente pelo potencial de irrigação da região. Foi muita dificuldade. Nos embrenhamos no meio do Cerrado sem nada: sem água, luz, estrada, telefone, televisão. O mais difícil foi criar uma tecnologia de produção no Cerrado. Não existia nada e hoje temos a honra de dizer que participamos disso. O Oeste da Bahia plantava 186 mil hectares  e hoje são 2,6 milhões. Tudo valeu a pena. A agricultura hoje é um negócio sólido, com grandes produtividades”.

“ O campo traz o mesmo conforto da vida na cidade”

A Maria Vitória é a mais jovem dos nossos personagens mas isso não significa inexperiência ou menos amor pela atividade agropecuária. O amor pelo campo também veio da família. O pai era pecuarista e com o falecimento dele, em 2011, Maria Vitória, então com 13 anos, e a mãe passaram a  tocar a criação de gado Senepol no Oeste de Santa Catarina. 

“Desde os dois anos que estou no campo. Criamos gado e temos lavoura. Meu pai sempre me incentivou. O campo traz tranquilidade com o mesmo conforto da cidade. Desde 2014 somos pioneiros na criação de Senepol em Santa Catarina. Hoje também faço faculdade de Zootecnia para agregar conhecimento e coordeno a ala jovem de criadores de Senepol. A agricultura representa um sentimento de amor. Uma vida dedicada ao trabalho”.


“É isso que eu quero deixar para meus filhos”

Maurício De Bortoli foi destaque neste ano e conquistou a marca que muitos produtores de soja gostariam: produziu 123,88 sacas de soja por hectare, alcançando a maior média entre 863 sojicultores do Brasil e o prêmio de campeão da 11ª edição do Desafio CESB de Máxima Produtividade de Soja. A história agrícola da família começou com o avô, em 1977. Seu Aquilino plantava trigo em apenas 80 hectares. Com muitos investimentos em alta tecnologia e utilizando o sistema de Plantio Direto a mais de 3 décadas, os seis filhos do seu Aquilino se revezavam nas 24 horas, operando com as próprias mãos as poucas máquinas que possuíam para a atividade de campo. As duas irmãs davam o suporte nas tarefas domésticas. Representantes da terceira geração, Maurício é formado em Agronomia e controla tudo de seu tablet, na palma da mão. A receita rendeu uma altíssima produtividade nas propriedades da família. São 7.480 hectares de soja nas 9 fazendas distribuídas em 3 municípios ao redor de Cruz Alta (RS).

“Desde os 10 anos de idade eu sabia que queria ser Agrônomo e trabalhar no setor. Meu pai não teve essa oportunidade. Quando formei saí da universidade e fui trabalhar numa multinacional de fertilizantes. Depois segui para outra multinacional de sementes de milho híbrido. Foram cinco anos de faculdade e mais cinco no mercado de trabalho. Com o conhecimento adquirido resolvi voltar para nossa propriedade e agregar valor. Trabalhamos em família, com planejamento de sucessão familiar para que as gerações futuras sigam nesse caminho. Pra mim é muito gratificante saber que o trabalho na agricultura gera resultados. Ser campeão do desafio de produtividade foi uma soma de muito trabalho, conhecimento e tecnologia. O conhecimento nunca ocupa espaço, ele está sempre se renovando. A nossa atividade é muito dinâmica. Jamais pensar que sabe tudo. Estar sempre aberto às coisas novas, saber aplicar esse conhecimento a campo e medir a eficiência do teu trabalho. Um bom profissional tem que estudar constantemente e estar atualizado com as tecnologias. O amor pela terra, manter esse patrimônio vivo, preservar o meio ambiente e produzir alimentos para o mundo. É isso que eu quero deixar para meus filhos. Trabalhar com amor à terra”.

Com essas quatro histórias o Portal Agrolink deseja um feliz Dia do Agricultor à todos que constroem essa história todos os dias com qualificação, amor e suor. Que venham boas safras, bons negócios, reconhecimento da atividade, semear, plantar, cuidar dos animais, repassar o sentimento aos filhos e colher os frutos do esforço realizado com orgulho e paixão. 
 

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