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A produção de etanol a partir dos grãos de arroz

Uma proposta com objetivos relevantes, mas que precisa ser bem analisada



Uma proposta com objetivos relevantes, mas que precisa ser bem analisada antes que se façam grandes investimentos, é a propalada produção de etanol a partir do arroz. Há mais de seis anos a possibilidade começou a ser analisada, no 1º Seminário sobre Agroenergia, em São Borja, e um projeto de viabilidade começou a ser estudado. Recentemente, outro, mais adiantado, foi apresentado ao governo do Estado por um grupo empresarial de Camaquã. Grandioso, o plano envolve a construção de seis biorrefinarias, com investimentos superiores aos R$ 700 milhões.


Os primeiros estudos foram mantidos em relativo sigilo porque havia o temor de uma reação pública à utilização de um alimento para a produção de combustível. Já se faz isso com o milho, mas este, mais do que um alimento humano significativo, já é usado para ração animal, o que, de certa forma, torna-o menos susceptível.

O uso do arroz para a produção de etanol, com a construção de grandes unidades industriais em regiões onde sobra mão de obra e faltam empregos - zona Sul, Campanha e Fronteira-Oeste - ajudaria a resolver vários problemas. Primeiro, o da oferta de um combustível alternativo, não só para veículos, mas, também, para atividades industriais, inclusive a produção de plástico verde, outra inovação, já desenvolvida entre nós.


Depois, o da lavoura orizícola, cuja produção é crescente, devido ao aumento da produtividade, o que se contrapõe a uma diminuição do consumo nacional no País e às dificuldades de exportação. Também no mundo, há excesso de oferta. Não que não exista fome no planeta, mas faltam condições econômico-financeiras que sustentem o fornecimento global de alimentos. A comercialização do arroz se tornou difícil, os estoques aumentam, e os preços para os produtores caem. Neste momento, os valores, entre R$ 35,00 e R$ 40,00 a saca de 50 quilos, são considerados bons, mas, recentemente, eram inferiores ao custo de produção. Um outro destino para o arroz que sobra é, então, ideal.  

Outro benefício é que as biorrefinarias levariam industrialização e emprego para municípios que estão, inclusive, vendo suas populações diminuírem, de acordo com o IBGE. São, principalmente, cidades da Campanha e da Fronteira-Oeste.

Até aí, tudo parece vantajoso. Mas é preciso analisar com muito cuidado os riscos. O mercado é imprevisível. Até que ponto o preço atual do arroz torna economicamente viável produzir etanol? E se a situação da comercialização mudar? É certo que os empreendedores estão atentos a tais possibilidades, inclusive com alternativas para substituir o arroz como matéria-prima, mas nunca é demais alertar, pois se trata de um projeto de muita importância para o Estado e o País.


São iniciativas inovadoras, como esta, que o Rio Grande do Sul precisa para retomar seu processo de desenvolvimento e para aproveitar as potencialidades de sua economia. Da lavoura de arroz, que, nesta safra, terá uma produção de quase 8 milhões de toneladas, dependem muitos municípios. Qualquer atitude ou atividade em seu benefício significa apoio a milhares de pessoas.
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