Abacate é opção para complementar a renda
O brasil é um dos maiores produtores de abacate e as exportações aumentam a cada ano. o fruto tem potencial para ser explorado na produção de óleo
Há pouco mais de trinta anos, o agricultor Adercino José da Costa decidiu investir no plantio de limão. “Na época, em Goiás, só uns dois ou três plantavam o galeguinho, aquele usado para fazer caipirinha”, conta. Com o tempo, o comércio da fruta no mercado local aumentou, inclusive de outras variedades. Mas o produtor sempre teve perdas nos meses de janeiro a março, quando a oferta do limão aumenta e o preço cai.
A solução para reajustar os ganhos foi investir em outro fruto, o abacate. No início, Adercino conta que era apenas uma tentativa. “Plantei algumas variedades para ver qual daria certo.” Em três anos, o produtor conseguiu colher os primeiros frutos.
O abacateiro é uma árvore originária da Guatemala, Antilhas e México. Existem centenas de variedades, diferentes na forma, tamanho e cor. Entre os popularmente conhecidos, estão o manteiga (em forma de pera, com polpa macia e sem fibras), o guatemala (com forma de ovo e casca rugosa, maior que o manteiga) e o pescoço (parecido com o manteiga, mas um pouco mais alongado).
Hoje, Adercino comercializa 100 caixas por semana. Os preços, segundo ele, variam de 15 a 20 reais a caixa. Para conseguir comercializar o abacate, o produtor conta que é preciso oferecer uma fruta de cor brilhante e com a casca lisa. Além disso, o tamanho também conta. “As maiores são mais aceitas. Os melhores abacates são os mais pesados e firmes, têm polpa macia e gordurosa.”
O período de chuvas é a melhor época para o plantio, mas em outros períodos ele também pode ser plantado, desde que garantida uma boa irrigação. O produtor conta que não tem problemas com pragas e doenças.
Em uma área de 20 hectares, ele cultiva, além do abacate, laranja, limão, banana e outras frutas em pequena quantidade. “Minha ideia é dar uma condição natural para o pomar. O que garante a saúde da produção é o controle biológico de pragas”, cita.
Adercino revela que o segredo de sua propriedade é manter uma boa camada de matéria orgânica sobre o solo. Folhas, frutos maduros que caem. Só há controle do mato que cresce. “Mas aqui não entra fogo”, diz.
A propriedade de Adercino fica em Abadia de Goiás. Ele conta que, ao chegar ao local, muitos diziam ser impossível investir em agricultura. “O terreno tinha muita pedra, mas fui adubando, colocando esterco. Contrariei quem não acreditava”, afirma.
Pelo que se vê, na prática, o produtor conseguiu mesmo. Os abacateiros do pomar estão carregados. A intenção dele, agora, é investir nas variedades mais bem sucedidas, plantar novas mudas e fazer enxertia em outros pés.
Adercino comercializa toda a produção nas Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa-GO). De acordo com Josué Lopes Siqueira, gerente técnico da Ceasa, cerca de 58% do abacate que abastece o mercado goiano tem origem em propriedades locais. O restante vem de outros Estados, como Minas Gerais, Paraná, Distrito Federal e, principalmente, São Paulo.
Josué conta que o preço médio da tonelada de abacate fica em mil reais. A Ceasa-GO ainda fecha os números de 2008, mas, em 2007, o gerente técnico informa que foram comercializados no local 1,4 mil toneladas de abacate.