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ABCBio declara 'guerra' contra biodefensivos caseiros

A prática da "produção on farm" cresceu nos últimos três anos


A Associação Brasileira de Controle Biológico do Brasil (ABCBio) anunciou nesta semana que pretende entrar com uma ação no Ministério Público Federal contra a criação e manutenção doméstica de bactérias para uso agrícola em estabelecimentos produtores de grãos, legumes e verduras. Estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicam que a área tratada com esse tipo de micro-organismos seja 15 vezes maior do que a aplicada com biodefensivos comercializados. 

A prática da "produção on farm" cresceu nos últimos três anos como uma alternativa que não agride o meio ambiente e é mais econômica em relação ao uso de biodefensivos registrados e disponíveis no mercado. Gustavo Herrmann, presidente da ABCBio, classifica a atividade como "pirataria anunciada". "Existe a ideia errônea de que é fácil fazer bactéria e que é baratinho. O problema é que ele replica sem nenhum padrão estabelecido que garanta a sanidade do processo", comenta. 

A Associação alega que o ato de criar bactérias em casa reflete na baixa receita do setor, que ainda está caminhando muito devagar se comparado com outros países, além de gerar um alto risco de contaminação. Patrick Vilela, sócio-fundador da Gênica Inovação Biotecnológica, alerta para os problemas da prática quando realizada sem o devido acompanhamento e a estrutura ideal. "A colonização doméstica é a prova de que o controle biológico é eficaz. Mas reproduzir bactérias nas fazendas é um risco porque assim como crescem bactérias boas você pode ter as ruins também", afirma. 

A "produção on farm" não é considerada como atividade ilegal no Brasil. Os agricultores acharam uma brecha na regulamentação da Lei de Orgânicos, que impede o uso de produtos químicos no solo e permite que agentes naturais façam o controle de pragas na lavoura. Mesmo a lei não citando nada sobre a permissão de criação desses agentes, pelo menos seis bactérias estão sendo produzidas e replicadas precariamente no interior do país. 

 

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