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Acordo entre Rússia e EUA ameaça frango brasileiro


Depois de terem sido preteridos na redistribuição do que restava das cotas de importação de frango da Rússia neste ano, os exportadores brasileiros podem enfrentar novas dificuldades no mercado russo em 2003. Ontem, o representante comercial americano, Robert Zoellick, disse que a Rússia concordou em aliviar as restrições nas cotas de frango, carne suína e carne bovina dos Estados Unidos.

O secretário afirmou que as negociações entre Rússia e EUA asseguraram que não há mais risco de o país reduzir as cotas americanas. Pelo contrário. Segundo Zoellick, haveria espaço até para ampliar as cotas. O acordo, conforme o secretário, deve permitir aos EUA exportar anualmente para a Rússia cerca de US$ 700 milhões em carne de frango, cerca de um milhão de toneladas. O volume é o mesmo exportado em 2001, mas 25% superior ao permitido pelo sistema de cotas, em vigor desde abril.

Segundo Zoellick, os embarques de carnes bovina e suína para a Rússia também devem crescer, mas detalhes sobre as tarifas ainda estão sendo discutidos. Em abril, a Rússia impôs cotas de 420 mil toneladas para carne bovina e de 450 mil para a carne suína. No caso do frango, a cota ficou em 744 mil toneladas a partir de abril, e a distribuição foi regional. O Brasil ficou com 33 mil toneladas do total, e os Estados Unidos, com 80% da cota.

A notícia deixou apreensivos os exportadores brasileiros de frango. A Rússia é o principal mercado para os EUA e foi um importante mercado para o Brasil até 2002, com compras de 295 mil toneladas. Com as cotas, no entanto, o Brasil perdeu espaço. "Precisamos equilibrar a balança comercial com a Rússia para conseguir maior participação no mercado de aves", disse Júlio Cardoso, presidente da Abef (reúne exportadores). Segundo ele, o sistema de cotas regionalizadas tornou os importadores russos dependentes dos exportadores americanos de frango. O resultado foi uma alta de 50% nos preços no varejo russo do período anterior às cotas até setembro.

Cardoso acrescentou que o Brasil não foi favorecido pela redistribuição das cotas de frango este ano. Faltavam cerca de 20% do total, que foram distribuídos entre Estados Unidos e Europa.

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