Açúcar: preços e produção flutuam com incertezas do mercado

No mercado do açúcar, o acumulado do ano apresentou um bom desempenho de quase 6% de alta. Um número encorajador.

Para o gestor de riscos Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting – empresa com foco em commodities agrícolas –, se avaliarmos os fechamentos futuros de preços líquidos até julho de 2014 será possível constatar que o retorno para usina, comparado ao custo de produção, apresenta leve queda em julho de 2012 (12,4% sobre o custo) e se eleva continuamente a partir de então até julho de 2014 (com até 27,8% sobre os custos de produção).

“Isto é, o mercado tem gordura pelo ponto de vista de rentabilidade, mas as usinas mudariam imediatamente seu mix de produção caso os preços não lhes sejam mais favoráveis”, analisa Arnaldo.

No entanto, isso tem um forte impacto sobre a demanda e oferta dos produtos da cana, açúcar e etanol. Os preços já colapsaram antes: nos últimos 12 meses foram 23,1% de queda.

“O que se vê é um espaçamento do período de fixação dos preços, em virtude destes estarem próximos ao custo de produção – o que para a usina funciona como uma opção a custo zero. Ou seja, se os preços caem, elas fazem etanol; se sobem, fixam mais tarde, ou ainda colocam níveis melhores no preço do que os atuais fixados”, comenta o gestor de riscos.

De acordo com ele, esses sentimentos do mercado que se ouve pode potencializar uma eventual alta provocada por alterações na real percepção do setor. “Para as usinas, fixar agora o açúcar de uma cana que ainda vão moer e cujo volume ainda não sabe, não parece ser tão imprescindível. A tese da opção a custo zero tem aderência. Cada mudança no mix de produção em favor do etanol em 1%, reduz a disponibilidade de açúcar em 700.000 toneladas”, enfatiza Arnaldo.