Agendas da ITGA buscam apoio efetivo aos produtores de tabaco, em Genebra
Encontros buscam assistência na diversificação das lavouras de todo mundo
Paralelo à Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP 8), em Genebra, na Suíça, ocorre uma agenda intensa em defesa dos produtores de tabaco de todo mundo, junto a organizações ligadas às Nações Unidas.
A Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA, sigla em inglês), cumpre uma série de encontros para intermediar, sobretudo, apoio à diversificação. Na cidade das organizações mundiais, a maratona de encontros que vem sendo acompanhada de perto pela Associação de Fumicultores do Brasil (Afubra), segue, nesta sexta-feira, no Banco Mundial. A ITGA buscará incentivar a criação de programas de desenvolvimento que apoiem a diversificação de culturas.
A primeira agenda da semana ocorreu na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, onde o grupo foi pedir apoio aos fumicultores para enfrentar, segundo a entidade internacional, "a constatada redução de demanda por tabaco"gerada pelas ações antitabagistas e também pela entrada no mercado de novos produtos de tabaco.
Segundo o presidente da ITGA, o norte-americano Daniel Green, há um atraso histórico no processo de diversificação, mas é preciso recursos para implementar medidas e pesquisa. "Precisamos da cooperação da FAO. Pedimos, inclusive, que os agrônomos da FAO nos ajudem a encontrar alternativas viáveis", observou durante a coletiva concedida para jornalistas brasileiros que acompanham a agenda na Suíça.
As lideranças da associação criticaram, também, as ações da FCTC (sigla em inglês da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco), que, segundo eles, vem tentando excluir o setor do tabaco de qualquer relação com as organizações das Nações Unidas. "NA COP falam em apoio a diversificação mas, na verdade, querem dizer conversão", afirma o secretário da Afubra, Romeu Schneider.
De acordo com o chefe-executivo da ITGA, Antônio Abrunhosa, a Associação deveria ser convidada a discutir na COP as alternativas ao plantio do tabaco, pois é uma entidade que "sabe como ninguém como diversificar." "Neste momento, enquanto a própria indústria está se diversificando e assegurando novos produtos para seus portfólios para acabar com a fumaça, como fica o produtor que ainda não tem uma alternativa viável?", questiona.
Trabalho
Uma das agendas da ITGA foi cumprida nesta quinta-feira, 4, na sede da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que assim como a FAO, também faz parte das Nações Unidas.
A entidade buscou informações sobre o pedido da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, que busca excluir as contribuições da indústria do tabaco para a execução de programas de combate ao trabalho infantil. "Hoje a OIT é um braço muito importante na proteção do trabalho. Esta decisão de excluir a indústria do tabaco já foi adiada duas vezes. Fomos reforçar o pedido para que esse pedido não seja acatado", explica Abrunhosa.
Redução da demanda por tabaco é inevitável, diz ITGA
Para a Associação Internacional dos Produtores de Tabaco, a ITGA, a redução da demanda por tabaco em folha é inevitável. As lideranças da entidade acreditam que, com os novos produtos, seja utilizado, pelo menos, um terço a menos de tabaco.
Enquanto no Brasil, segundo a Afubra, o plantio de tabaco corresponde, em média, 53% do ganho das propriedades que cultivam a planta, em outros países a situação é preocupante. É o caso do Malawi, país africano, que tem mais de 60% do PIB dependente do tabaco. "Lá não tem orçamento nem para a saúde sem o tabaco", revela Antonio Abrunhosa.
Preocupados com o país africano, membros de uma associação de produtores do Malawi buscou aconselhar-se com a ITGA sobre a ratificação ou não da Convenção-Quadro. O encontro ocorreu nesta quinta-feira, 4, em Genebra. Na oportunidade, a associação internacional defendeu a ratificação, para que a Conferência das Partes tenha mais um país produtor defendendo a causa da diversificação e outras demandas, especialmente econômicas.
AInda segundo a ITGA, há três anos vem ocorrendo a redução da produção mundial, quando a China, um dos maiores mercados mundiais, passou a baixar a produção.
A assembleia geral anual da ITGA está agendada para ocorrer nos dias 22 e 23 de outubro, em Santa Cruz do Sul.