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Agricultores da Guiana Francesa conhecem potencial agrícola amapaense

Experimentos de mangaba e café foram incluídos no roteiro da visita técnica



Mecânico com oficina instalada em Saint-Georges de l'Oyapock, cidade na fronteira da Guiana Francesa com o estado do Amapá, Marivaldo da Silva Ribeiro, 40, resolveu diversificar e há três anos investe em agroextrativismo. No ano passado contou com orientação da Embrapa Amapá, na técnica de manejo de açaizais nativos, e nesta quarta-feira, 19/6, teve a oportunidade de ampliar seus conhecimentos em diversos outros cultivos. Marivaldo Ribeiro fez parte da delegação de 15 pessoas da Guiana Francesa que fez uma visita técnica ao Campo Experimental do Cerrado, mantido pela Embrapa no km 45 da BR 156, município de Macapá (AP). O grupo é formado de 11 agricultores, um conselheiro da cidade de Saint-Georges, dois alunos de uma escola familiar rural e o encarregado da Missão da Agricultura.


Nascido em Macapá, Marivaldo Ribeiro mudou-se ainda criança para a Guiana Francesa. Esta semana ele retornou à cidade de origem para cumprir, junto com a delegação de Saint-Georges, uma agenda de visitas técnicas no estado do Amapá, coordenada pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Amapá (ADAP), no período de 17 a 22 de junho. "Tudo que estamos vendo no campo da Embrapa é muito interessante e diferente. Por exemplo, agora sabemos da alternativa da agricultura usando a técnica do Plantio Direto, deixado de praticar a agricultura de corte e queima", citou Marivaldo Ribeiro, que também atuou como intérprete dos guianenses.

Na Unidade de Observação do Sistema Bragantino, o analista de transferência de tecnologia da Embrapa Amapá, Gustavo Spadotti Amaral Castro explicou aos produtores visitantes que trata-se de um modelo de produção agrícola que envolve rotação e consórcio de culturas, prioriza a recuperação de áreas degradadas utilizando a técnica do Plantio Direto. "A tecnologia foi originada na região bragantina do Estado do Pará, por meio de pesquisas da Embrapa daquele estado. Uma grande vantagem do Sistema Bragantino é permitir ao produtor utilizar a mesma área por tempo indeterminado. Na prática, significa que o produtor não precisa derrubar um pedaço da floresta todo ano para fazer novos plantios", acrescentou Castro, diante dos cultivos macaxeira em consórcio com milho, arroz e feijão. O desenvolvimento das culturas está sendo monitorado pela Embrapa, por meio de tratos culturais, adubação e análises da fertilidade nas diversas camadas do solo.

Experimentos de mangaba e café foram incluídos no roteiro da visita técnica

A delegação de Saint-Georges também conheceu in loco o Banco de Germoplasma de Mangaba, formado de áreas com 239 plantas nativas do cerrado do estado do Amapá e 72 recebidas da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado da Paraíba (Emepa). O estudo comparativo mostrou que a mangabeira nativa apresenta frutos maiores, mais avermelhados, mais adocicados e menos ácidos em relação aos encontrados na região Nordeste. "Um aspecto importante apontado na pesquisa é a perenidade da espécie e adaptação às condições climáticas", ressaltou o pesquisador Gilberto Yokomizo, responsável pelo experimento.


Com relação a cultivo de grãos no bioma cerrado, os visitantes estiveram no experimento de testes de 11 cultivares de soja, todos materiais bem sucedidos em escala comercial. O analista Gustavo Castro explicou que ali também é aplicada a técnica do Plantio Direto. "O capim plantado anteriormente funciona agora como uma planta de cobertura para a soja. Provavelmente teremos colheita no experimento em setembro deste ano", anunciou Castro, lembrando que tratam-se de materiais com gene convencional.

O experimento de café da Embrapa no campo do Cerrado, composto de cerca de 500 plantas, foi apresentado aos visitantes pelo pesquisador Rogério Mauro Machado Alves. Ele explicou que trata-se de uma cultura agrícola nova no Amapá. "Ainda não temos definição para manejo e tratos culturais. Este experimento foi instalado há cinco anos e nos últimos dois anos fazemos colheitas bem sucedidas. Até o momento as plantas apresentam ótimo desenvolvimento, com crescimento resistindo às condições adversas de clima e temperatura elevada e a doenças", detalhou o pesquisador. Os testes de adaptação são feitos com café do tipo Conilon e as 500 plantas do cafeeiro experimental são resultantes de materiais fornecidos pela Embrapa Rondônia e pela Embrapa Amazônia Oriental (Pará).

Embrapa fez demonstração de seleção de mudas sadias de bananas

O experimento com a cultivar de feijão-caupi BRS-Tumucumaque também chamou a atenção da delegação da Guiana Francesa, os produtores foram informados sobre o ciclo completo da planta, que é de 70 dias, a produtividade média por hectare e vários outros pontos relativos ao cultivo desta variedade lançada pela Embrapa Amapá. No experimento de bananas o analista de transferência de tecnologia, Jackson de Araújo dos Santos, fez uma demonstração do uso do equipamento metálico “lurdinha”, indispensável para o produtor retirar a gema de crescimento da planta e, assim, estimular a brotação dos perfilhos. "Para quem tem interesse em investir em bananas, a primeira providência é adquirir mudas sadias, de boa procedência, e verificar as cultivares de boa aceitação no mercado consumidor", sugeriu Jackson dos Santos. Além da "lurdinha" também foi utilizada a faca de despencamento, como instrumentos de uma fase do manejo da bananeira, por meio de produção de mudas sadias e vigorosas. A Embrapa Amapá recomenda sete cultivares de bananas do tipo prata, resistentes a pragas, para o estado do Amapá. Essas cultivares possibilitam maior produção, rendimento e longevidade das novas áreas implantadas. Avaliadas em sistema de irrigação, com espaçamento de 3 x 3m, possuem características agronômicas favoráveis para plantio em solos do Amapá, sendo destinadas a suprir o hábito de consumo existente no mercado local. No encerramento da visita técnica os produtores da Guiana Francesa conheceram o maquinário da Embrapa utilizado no Campo Experimental do Cerrado para mecanização no plantio, o que permite, por exemplo, a semeadura dos grãos de forma mecanizada, substituindo a plantação manual que demanda mais tempo e esforço dos trabalhadores do campo.
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