Agricultores da Guiana Francesa conhecem potencial agrícola amapaense
Experimentos de mangaba e café foram incluídos no roteiro da visita técnica
Nascido em Macapá, Marivaldo Ribeiro mudou-se ainda criança para a Guiana Francesa. Esta semana ele retornou à cidade de origem para cumprir, junto com a delegação de Saint-Georges, uma agenda de visitas técnicas no estado do Amapá, coordenada pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Amapá (ADAP), no período de 17 a 22 de junho. "Tudo que estamos vendo no campo da Embrapa é muito interessante e diferente. Por exemplo, agora sabemos da alternativa da agricultura usando a técnica do Plantio Direto, deixado de praticar a agricultura de corte e queima", citou Marivaldo Ribeiro, que também atuou como intérprete dos guianenses.
Na Unidade de Observação do Sistema Bragantino, o analista de transferência de tecnologia da Embrapa Amapá, Gustavo Spadotti Amaral Castro explicou aos produtores visitantes que trata-se de um modelo de produção agrícola que envolve rotação e consórcio de culturas, prioriza a recuperação de áreas degradadas utilizando a técnica do Plantio Direto. "A tecnologia foi originada na região bragantina do Estado do Pará, por meio de pesquisas da Embrapa daquele estado. Uma grande vantagem do Sistema Bragantino é permitir ao produtor utilizar a mesma área por tempo indeterminado. Na prática, significa que o produtor não precisa derrubar um pedaço da floresta todo ano para fazer novos plantios", acrescentou Castro, diante dos cultivos macaxeira em consórcio com milho, arroz e feijão. O desenvolvimento das culturas está sendo monitorado pela Embrapa, por meio de tratos culturais, adubação e análises da fertilidade nas diversas camadas do solo.
Experimentos de mangaba e café foram incluídos no roteiro da visita técnica
A delegação de Saint-Georges também conheceu in loco o Banco de Germoplasma de Mangaba, formado de áreas com 239 plantas nativas do cerrado do estado do Amapá e 72 recebidas da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado da Paraíba (Emepa). O estudo comparativo mostrou que a mangabeira nativa apresenta frutos maiores, mais avermelhados, mais adocicados e menos ácidos em relação aos encontrados na região Nordeste. "Um aspecto importante apontado na pesquisa é a perenidade da espécie e adaptação às condições climáticas", ressaltou o pesquisador Gilberto Yokomizo, responsável pelo experimento.
Com relação a cultivo de grãos no bioma cerrado, os visitantes estiveram no experimento de testes de 11 cultivares de soja, todos materiais bem sucedidos em escala comercial. O analista Gustavo Castro explicou que ali também é aplicada a técnica do Plantio Direto. "O capim plantado anteriormente funciona agora como uma planta de cobertura para a soja. Provavelmente teremos colheita no experimento em setembro deste ano", anunciou Castro, lembrando que tratam-se de materiais com gene convencional.
O experimento de café da Embrapa no campo do Cerrado, composto de cerca de 500 plantas, foi apresentado aos visitantes pelo pesquisador Rogério Mauro Machado Alves. Ele explicou que trata-se de uma cultura agrícola nova no Amapá. "Ainda não temos definição para manejo e tratos culturais. Este experimento foi instalado há cinco anos e nos últimos dois anos fazemos colheitas bem sucedidas. Até o momento as plantas apresentam ótimo desenvolvimento, com crescimento resistindo às condições adversas de clima e temperatura elevada e a doenças", detalhou o pesquisador. Os testes de adaptação são feitos com café do tipo Conilon e as 500 plantas do cafeeiro experimental são resultantes de materiais fornecidos pela Embrapa Rondônia e pela Embrapa Amazônia Oriental (Pará).
Embrapa fez demonstração de seleção de mudas sadias de bananas
O experimento com a cultivar de feijão-caupi BRS-Tumucumaque também chamou a atenção da delegação da Guiana Francesa, os produtores foram informados sobre o ciclo completo da planta, que é de 70 dias, a produtividade média por hectare e vários outros pontos relativos ao cultivo desta variedade lançada pela Embrapa Amapá. No experimento de bananas o analista de transferência de tecnologia, Jackson de Araújo dos Santos, fez uma demonstração do uso do equipamento metálico “lurdinha”, indispensável para o produtor retirar a gema de crescimento da planta e, assim, estimular a brotação dos perfilhos. "Para quem tem interesse em investir em bananas, a primeira providência é adquirir mudas sadias, de boa procedência, e verificar as cultivares de boa aceitação no mercado consumidor", sugeriu Jackson dos Santos. Além da "lurdinha" também foi utilizada a faca de despencamento, como instrumentos de uma fase do manejo da bananeira, por meio de produção de mudas sadias e vigorosas. A Embrapa Amapá recomenda sete cultivares de bananas do tipo prata, resistentes a pragas, para o estado do Amapá. Essas cultivares possibilitam maior produção, rendimento e longevidade das novas áreas implantadas. Avaliadas em sistema de irrigação, com espaçamento de 3 x 3m, possuem características agronômicas favoráveis para plantio em solos do Amapá, sendo destinadas a suprir o hábito de consumo existente no mercado local. No encerramento da visita técnica os produtores da Guiana Francesa conheceram o maquinário da Embrapa utilizado no Campo Experimental do Cerrado para mecanização no plantio, o que permite, por exemplo, a semeadura dos grãos de forma mecanizada, substituindo a plantação manual que demanda mais tempo e esforço dos trabalhadores do campo.