Agricultores de Chácara/MG encontram fonte de renda no eucalipto
Só em 2008, o projeto distribuiu 40 mil mudas a famílias rurais do município, que descobriram na atividade, um jeito de fugir da tradicional produção de leite, plantando eucalipto e vendendo a madeira para serrarias e construção civil
Produtores rurais do município de Chácara, na Zona da Mata mineira, estão sendo beneficiados com o plantio de eucalipto. A partir de uma parceria entre a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), prefeitura municipal, Associação de Produtores Rurais e Instituto Estadual de Florestas (IEF), agricultores estão recebendo mudas da árvore. Só em 2008, o projeto distribuiu 40 mil mudas a famílias rurais do município, que descobriram na atividade, um jeito de fugir da tradicional produção de leite, plantando eucalipto e vendendo a madeira para serrarias e construção civil .
Segundo o presidente da Associação de Produtores Rurais de Chácara, Geraldo Magela Cêsca, o projeto começou em 1996. Mas foi em 2008 que a prefeitura municipal firmou convênio com IEF, por intermédio da Emater-MG, que presta assistência técnica aos agricultores. No contrato ficou definido que o IEF oferece sementes e saquinhos para a produção de mudas de eucalipto, além de fazer vistoria, observando se foram plantadas. A associação disponibiliza a mão-de-obra para fabricação das mudas e adubo para plantio.
De acordo com o extensionista da Emater-MG, Marco Antônio Detoni Louzada (fotos), além de regular o impacto ambiental nas propriedades rurais, o eucalipto é uma fonte de renda alternativa, já que a economia de Chácara é voltada para a pecuária leiteira. “É uma atividade paralela, em que o produtor pode utilizar parte da propriedade que não dá para colocar vaca de leite”, explica. “Temos 90 mil pés plantados. Minha madrasta vive do eucalipto, ganhando uma média de três mil reais por mês com a venda da madeira”, conta o presidente da Associação de Produtores Rurais.
Serraria
Victor Bretas Bessa é outro produtor que tem bons resultados com a plantação de eucalipto. A família de Bessa é dona de uma serraria (foto) no município, e para suprir o estabelecimento, planta eucalipto e compra a madeira de agricultores da região. Tudo começou há 25 anos, quando o pai de Victor, que trabalhava com gado de leite, resolveu começar a plantar eucalipto para abastecer parte do consumo da serraria. Atualmente o produtor possui 60 mil pés da árvore e tem planos de ocupar toda a área da propriedade (de 47, 2 hectares) com o plantio de eucalipto. A meta é atender toda a demanda da serraria, segundo Victor Bretas.
De acordo com o produtor, a madeira é vendida para municípios da região (Coronel Pacheco, Piau, Matias Barbosa e Juiz de Fora). Segundo Bessa, o eucalipto comercializado é usado como matéria-prima para construção civil, fabricação de cercas, camas, portas e portões. “Está sendo muito bom cultivar o eucalipto, a serraria está caminhando a passos firmes. Todo produtor rural, independente da atividade que exerça, devia plantar. Nem que seja um pouco, mas deve plantar”, aconselha. Bessa se preocupa ainda com o meio ambiente e afirma que só compra ou corta o eucalipto, mediante licença. Também aproveita as pontas de peças produzidas, fazendo carvão e serragem que é usada como adubo na atividade rural.
Mourão
O produtor de leite Edson Cândido de Oliveira (nas fotos com o extensionista Marco Antº Detoni Louzada) também está faturando com a produção de eucalipto no município. Com a madeira está produzindo mourão e economizando dinheiro para cercar a propriedade. Em três meses, Oliveira já fez 10 dúzias de mourão e pretende fabricar mais140, sendo que o custo do produto no mercado é de R$110 a R$150, por dúzia. “Achei muito interessante porque o custo dele aqui foi praticamente zero. É um processo simples em que o produtor economiza dinheiro”, salienta o extensionista Marco Antônio Detoni Louzada.
Oliveira e Detoni (fotos 1 e 2) explicam que para fabricar o mourão, corta-se o eucalipto e logo em seguida tira-se a casca. As toras são colocadas em um tambor, por 24 horas, com um produto químico que dá melhor durabilidade a madeira. Depois, deixa-se a tora secar, na sombra, por 30 dias, no mínimo. “Se eu fincar essa madeira na terra, sem tratamento, ela vai durar no máximo um ano e meio. Sendo tratada, dura em torno de 10 anos. Ganho tempo e diminuo a mão-de-obra. É uma boa alternativa”, assegura Oliveira.