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Agricultores fazem manifestação contra milho transgênico

Trabalhadores rurais, integrantes de ONGs estão acampados em frente à sede da CTNBio e ficarão em vigília até o término dos trabalhos


Paralelamente à reunião da Comissão Nacional Técnica de Biossegurança (CTNBio), inciada nessa quarta-feira (13-12) e a ser encerrada nesta quinta-feira, cerca de cem trabalhadores rurais, integrantes de organizações não-governamentais e entidades da sociedade civil, estão acampados em frente à sede da comissão e disseram que ficarão em vigília até o término dos trabalhos da CTNBio.

A manifestação foi organizada pela Via Campesina, organização internacional de camponeses, com apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de organizações não-governamentais como Greenpeace Brasil e Terra de Direitos.

Com faixas trazendo dizeres como O Brasil não precisa de transgênicos ao fundo, o representante do Greenpeace, Ventura Barbeiro, avaliou a ação: “A Lei de Biossegurança retirou qualquer possibilidade de a sociedade civil se manifestar sobre a questão dos transgênicos. Temos que nos reunir assim, mostrar pra eles [CTNBio] que não queremos o milho transgênico no país”.

Barbeiro explicou que a eventual liberação do milho transgênico pode causar um impacto negativo sobre a agricultura familiar, e ainda existem, na opinião dele, vários danos à saúde ainda desconhecidos.

“Há duas questões importantes para não querermos a aprovação desse milho. Uma é o aspecto técnico-ambiental do milho, ou seja, cada uma dessas espécies que estão em votação tem características próprias e maneiras diferentes de impactar o meio ambiente. O milho poliniza muito facilmente, mesmo a longas distâncias. Então as sementes crioulas [as sementes convencionais] se misturam e acabam perdendo espaço. O pequeno agricultor perde suas sementes, seu patrimônio genético, pois o impacto do grão transgênico é pesado sobre a lavoura convencional”, enfatizou o representante do Greenpeace.

Mário Barbarioli, pequeno agricultor do estado do Paraná, trouxe em uma mala cerca de cem variedades de milho. Ele próprio planta três delas em sua propriedade. Na opinião do produtor, esse banco de sementes mostra que não há necessidade de se plantar milho transgênico no país, porque a “diversidade brasileira é grande e rica”.

Segundo Barbarioli, a introdução do milho transgênico vai afetar as variedades brasileiras, podendo até extingui-las, e fazer com que o pequeno agricultor fique dependente das multinacionais, na compra das sementes, e suscetível ao preço que queiram cobrar. “As empresas vão querer cobrar os royalties, e os agricultores não terão condições econômicas para a aquisição de sementes. Temos que fazer um trabalho de conscientização”, destacou.

Os integrantes da CTNBio estão reunidos para votar a liberação de três espécies de milho transgênico: o Libert Link, feito pela empresa Bayer CropScience; uma espécie resistente a insetos e outra tolerante ao glifosato, ambas produzidas pela empresa Monsanto.

Hoje também foi aprovado, na Comissão de Agricultura da Câmara, o projeto de lei 5964, que estabelece normas de segurança e termos de fiscalização de produtos transgênicos. O projeto seguirá para a Comissão de Justiça, mas como a legislatura está terminando, será arquivado. A deputada Kátia Abreu foi eleita senadora e não poderá reapresentar o projeto para que ele entre novamente em tramitação na Câmara.

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