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Agricultura familiar faz de RO segundo maior produtor de corante do país

Da semente do urucum é extraída uma substância chamada bixina, que é usada como colorífico e corante nas indústrias alimentícias, farmacêuticas, têxteis, de cosméticos e de perfumarias


Tradicionalmente, as principais culturas da agricultura familiar de Rondônia são leite, café e peixe. Entretanto, o estado tem se destacado na produção de urucum, o corante natural mais conhecido no mundo. Cabixi, a 640 km de Porto Velho, possui a segunda maior agroindústria de corante do país, atrás apenas de São Paulo. 

Da semente do urucum é extraída uma substância chamada bixina, que é usada como colorífico e corante nas indústrias alimentícias, farmacêuticas, têxteis, de cosméticos e de perfumarias. A demanda por esses produtos no mercado está em alta desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs o uso limitado de corantes sintéticos, principalmente nos alimentos, para evitar eventuais ações cancerígenas. 

De acordo com o presidente da Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO), Francisco Mende Coutinho, a produção de urucum é muito rentável, com valor médio de R$ 5,50 o quilo. “Com um hectare é possível produzir 2,5 toneladas e faturar até R$ 14 mil por safra, além de ser uma cultura que não dá muito trabalho, pois é resistente ao solo, ao clima e não tem muitas doenças”, explica.

Rondônia possui 90 mil propriedades de agricultura familiar e o cultivo do urucum no estado existe há mais de 20 anos. Entretanto, o incremento da produção e o engajamento dos agricultores ocorreram a partir da instalação de uma agroindústria em Cabixi e da atuação visionária de um produtor rural.

Do campo à agroindústria

Em 2004, o agricultor familiar e gestor agrícola, Arlan Edson dos Santos, 38 anos, viu no urucum uma oportunidade de ampliar a renda. Antes de iniciar o plantio, porém, buscou capacitação na maior indústria brasileira de corante natural, em São Paulo, onde trabalhou e pesquisou o cultivo da planta. “Depois de conhecer o que era feito com o urucum e para quê servia, concluí que era o melhor negócio para a agricultura familiar da minha região”, lembra.

Arlan voltou à Rondônia no mesmo ano e imediatamente deu início ao plantio do urucum com apoio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Ele financiou mais de R$ 300 mil para aumentar a produção e a qualidade do produto. O próximo financiamento, de R$150 mil, já foi solicitado para melhorar a plantação, como o preparo de área, mão de obra e adubação.

Dez anos depois da experiência em São Paulo, Arlan conseguiu demonstrar a investidores a viabilidade de implantação de uma indústria de corante natural em Rondônia. Hoje, Cabixi sedia a segunda maior agroindústria de urucum brasileira, a Verto Agroindustrial. E graças a um acordo feito com a Emater-RO, a empresa só compra produtos de agricultores familiares com áreas entre 2 e 5 hectares. 

Atualmente, a agroindústria produz em média 100 toneladas de urucum por ano numa área própria de 200 hectares. O que ela não produz, compra de agricultores familiares. Arlan tornou-se consultor da empresa e desenvolve um trabalho de gestão na cultura de urucum em todo o estado.  

Para 2017, com investimento em correção do solo e adubação, Francisco Mende acredita que área plantada e a produção devem dobrar no estado. “Antes os preços não cobriam os custos, mas ultimamente área de plantio e a produtividade são crescentes. A Emater tem acompanhado as lavouras de urucum e incentivado a agroindústria, o que gerou uma nova perspectiva dessa cultura em Rondônia”, comemora.

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