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Agrinote poderá circular em três meses

Uma nova modalidade de financiamento poderá estar disponível para os agricultores nos próximos três meses


Uma nova modalidade de financiamento poderá estar disponível para os agricultores nos próximos três meses. Ontem, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) colocou em consulta pública a criação das Notas Comerciais do Agronegócio (Agrinotes), que são uma espécie de nota promissória. A idéia do governo é que o título possa levantar até R$ 20 bilhões - metade do valor do crédito oficial da safra 2004/05 (R$ 39,5 bilhões).

Inicialmente, a intenção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ao propor a criação do título era permitir aos produtores a captação de recursos no exterior, ao contrário dos demais títulos lançados, como o Certificado de Depósito Agropecuário, o Warrant Agropecuário e as Letras de Crédito do Agronegócio (ver matéria ao lado). No entanto, o texto preliminar não prevê essa modalidade. "Esse documento será modificado. Vamos dar algumas sugestões", avalia Régis Alimandro, coordenador Geral de Estudos e Informações Agropecuárias da Secretaria de Política Agrícola do ministério. O título é destinado a companhias de produção, comercialização, beneficiamento e industrialização de produtos, insumos ou maquinário agropecuário.

O título foi bem recebido pelo setor, mas com ressalvas. "Não será a solução imediata para a falta de recursos para o financiamento", avalia Carlos Sperotto, vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ele acredita que, assim como as Cédulas de Produto Rural (CPRs), o Agrinote demore algum tempo para ter uma demanda grande.

"É mais um instrumento facilitador na obtenção de recursos mais baratos", diz Fernando Ribeiro, secretário-geral da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). Para ele, se houver negociação externa, será vantajoso para o setor. O empresário Jorge Maeda, do Grupo Maeda, aguarda a regulamentação dos demais títulos para começar a operá-los.

O texto regulamenta como será a emissão dos papeis. Segundo a proposta da CVM, a nota poderá ser emitida por companhias do setor - o ministério quer a inclusão do produtor rural e cooperativas. A instituição prevê que, em caso de notas com valores abaixo de R$ 300 mil, a companhia deva se registrar junto à CVM e, em valor superior, não - desde que a nota tenha prazo máximo de nove meses (ciclo de uma colheita). "Por que há exigências maiores para os pequenos?", indaga uma fonte do setor. A oferta dos papéis deverá ter o aval da CVM, sendo que a distribuição tem de ser encerrada em 90 dias. No vencimento, o título pode ser recomprado pelo emissor. A Agrinote terá vencimento de até um ano, podendo ser emitida em séries para atender, por exemplo, ao Programa de Investimento Plurianual do Agronegócio, proposto pelo ministério.

O texto fica em consulta pública até 27 de maio - para que o setor se pronuncie, principalmente, sobre prazos e valores - e entra em vigor 30 dias após a publicação no Diário Oficial da União. Em breve, a CVM regulamentará outros títulos criados pela Lei 11.076/04.

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