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Agronegócio de SC quer esquecer ano de 2006

A seqüência de três estiagens seguidas provocou uma quebra de R$ 1,4 bilhão


O ano de 2006 vai ficar marcado na história de Santa Catarina como o período em que o agronegócio catarinense perdeu espaço, amargou prejuízos e viveu uma das maiores crises da história. A seqüência de três estiagens seguidas provocou uma quebra de R$ 1,4 bilhão somente nos grãos. O embargo russo e o dólar baixo causaram perdas de R$ 500 milhões à suinocultura e as exportações de frangos baixaram R$ 127 milhões. Somadas, as perdas alcançam mais de R$ 2 bilhões, valores irrecuperáveis para os homens do campo, que não conseguem mais vencer as dívidas e buscam alternativas para sobreviver longe da lavoura ou das granjas.

Com a seca, o Estado deixou de produzir um milhão de toneladas de milho, 26% de perdas no volume estimado de 3,8 milhões de toneladas. Aliado aos preços baixos, deixou os agricultores sem renda e eles foram obrigados a trancar rodovias para renegociar dívidas.

O Estado que respondia por 45% das exportações brasileiras de carne suína, viu sua participação cair para menos de 31% devido ao embargo russo e foi ultrapassado pelo Rio Grande do Sul como maior exportador do Brasil.

Neste ano, SC embarcará 170 mil toneladas de suínos, numa queda de 39% em relação ao ano passado. "Se a remuneração continuar tão baixa, vamos ter de parar", afirmou o produtor de Eldir Taufer, de Chapecó, que possui 130 matrizes de suínos e dois aviários parados há quatro meses.

O presidente da Federação da Agricultura de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, disse que o primeiro semestre foi o pior, com os efeitos da aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná, embargando as exportações catarinenses, focos de Gripe Aviária no Velho Mundo suspendendo exportações e as estiagens consecutivas frustrando a safra. Para piorar, o câmbio sobrevalorizado tirou a competitividade dos produtos brasileiros e derrubou os preços no mercado interno.

O frango chegou a custar menos de R$ 1 o quilo. Enquanto o consumidor fazia a festa, o produtor amargava prejuízo. Pedrozo disse que as empresas até conseguiram adotar medidas para superar a crise no segundo semestre. Mas, em Santa Catarina, não houve recuperação. "Nós tínhamos a suinocultura como líder das exportações, mas deixamos de exportar e o espaço foi ocupado por outros estados. Com isso, Santa Catarina cresceu menos do que a média nacional".

Aurora deixou de investir R$ 100 milhões

No frango, as exportações na região Sul tiveram uma queda de 8%. "Foi um ano difícil, tivemos problemas com sanidade, estiagem e o dólar baixo".

Os problemas com exportações levaram algumas agroindústrias a suspenderem investimentos. Foi o caso da Aurora que adiou o projeto de ampliação da unidade de abate de aves em Maravilha e a fábrica de rações em Cunha Porão. De acordo com o vice-presidente da Aurora, Mário Lanznaster, os investimentos previstos eram de R$ 100 milhões.

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