Agrônomos orientam como conseguir alta produção de cacau
O uso de corretivos em solos além de corrigir a acidez dos mesmos e eliminar a toxidez de alumínio e manganês, visa também o suprimento de cálcio e magnésio ao solo
As recomendações atuais de corretivos e fertilizantes na cultura do cacaueiro no Sul da Bahia consideram o grau e distribuição do sombreamento, o estado fitossanitário da plantação e as características físico-químicas do solo, tais como textura, profundidade efetiva, drenagem, pH, H++ Al3+, P disponível e bases trocáveis de K+ Ca2+ e Mg2+. Pesquisas desenvolvidas recentemente pela Seção de Solos e Nutrição de Plantas (CEPEC/SENUP) com corretivos e fertilizantes, tem apresentado embasamento técnico-científico para atualização das recomendações de corretivos e fertilizantes no cacaueiro no Sul da Bahia. As conclusões são dos engenheiros agrônomos do CEPEC/SENUP, Rafael Edgardo Chepote e Edson Lopes Reis.
Segundo eles, o uso de corretivos em solos além de corrigir a acidez dos mesmos e eliminar a toxidez de alumínio e manganês, visa também o suprimento de cálcio e magnésio ao solo. Os critérios da calagem na cultura do cacau no Sul da Bahia, baseiam-se na elevação dos teores de cálcio e magnésio para 3,0 cmolc/dm3 em solos Latossolos distróficos e na redução da saturação de alumínio para valores de 30% em solos Argissolos distrófiscos e Aluviais argilosos distróficos. Desta maneira as quantidades totais de corretivos a serem aplicadas ao ano dependem da textura do solo. Solos de textura argilosa, aplicar-se-á anualmente até 2000 kg ha-1 ano-1; e solos de textura franco, a quantidade total anual de calcário a ser aplicada será de até 1000 kg ha-1 ano-1.
O uso de gesso agrícola (sulfato de cálcio diidratado-CaSO42H2O) visa a melhoria do ambiente radicular do cacaueiro nas camadas subsuperficiais (20 a 40cm), quando os teores de Ca2+ ? 0,4 cmolc dm3) e elevados teores de alumínio (? 0,5 cmolc dm3 de Al3+ e/ou saturação por Al3+ ? 30% ), este é o caso dos solos Aluviais Argiloso distróficos de Linhares e Argissolos distrófiscos do Sul da Bahia.
A adubação do cacaueiro baseia-se nas doses de nitrogênio, determinadas em ensaios de campo e nos níveis críticos de fósforo e potássio disponíveis que proporcionam maior desenvolvimento e produção do cacaueiro. Desta maneira disponibilizaram-se doze formulações (Tabela 1) com as respectivas quantidades de nutrientes por hectare e doses de fertilizantes a serem utilizados. Essas doses de fertilizantes originam-se dos resultados analíticos da análise do solo, aplicadas durante o primeiro, segundo e terceiro ano, que correspondem, respectivamente, a 1/3, 1/2, 2/3 da dose total indicada a partir do terceiro ano de idade.
As doses recomendadas por plantas deverão ser fracionadas em três aplicações/ano, para os dois primeiros anos, a partir de 60 dias após o plantio e em duas aplicações por ano nos anos subseqüentes. As doses de fertilizantes devem ser aplicadas em cobertura, em círculo para áreas planas e em meio círculo para as áreas acidentadas, num raio de 20, 30 e 50 cm respectivamente para o 20, 60 e 100 mês ; 70, 90 e 100 cm para os 14o , 180 e 220 mês de idade, 120, 140 e 150 cm para 260, 300 e 340 meses. A partir do 360 mês a aplicação será em faixas laterais ás plantas medindo 150 cm de largura.
Nas atuais recomendações de corretivos e fertilizantes na cultura do cacaueiro no Sul da Bahia, também são apresentadas a adubação orgânica a base de composto de casca do fruto do cacau e de esterco de curral, na presença e ausência de adubos minerais, adubação com micronutrientes e adubação foliar.
Como técnica para monitoramento do estado nutricional do cacaueiro, a diagnose foliar, é utilizada, recomendando-se coletar a terceira folha a partir do ápice de um lançamento recém amadurecido, na meia altura da copa da planta. A época de coleta é no verão (dezembro a janeiro) evitando-se o período de lançamento. Coletar quatro folhas por planta (uma em cada quadrante), percorrendo-se uma área homogênea. Num total de dez cacaueiro por amostra composta.
A diagnose foliar é uma técnica complementar da análise do solo para otimizar o uso de fertilizantes e melhorar o estado nutricional do cacaueiro e conseqüentemente, aumentar a produtividade das lavouras. Estas recomendações têm por objetivos subsidiar técnicos e produtores na aplicação de corretivos e fertilizantes nas lavouras cacaueiras do Sul da Bahia.