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Alfafa surge como opção para alimentação de vacas em lactação

Em tempos de crise é preciso buscar alternativas para baratear a produção de leite e a alfafa foi uma experiência de sucesso para pastejo de bovino leiteiro e possibilita que o agricultor produza com viabilidade econômica"


O produtor Leonildo Romeiro Gasques, da Chácara Nossa Senhora Aparecida, no município de São Francisco, faz parte do Projeto CATI Leite – desenvolvendo São Paulo, desde 2003. Na época ele produzia 300 litros de leite por dia e hoje, mesmo na estiagem, está com mil litros dos 54 animais que estão em lactação.

A novidade é que há cerca de um ano e meio, desde de maio de 2008, ele está utilizando a alfafa para alimentar seus animais. Leonildo explica que tem 78 piquetes numa área de 5,3 hectares e mais 30 só com alfafa, numa área de 0,7 hectares. Ele destaca que começou a cortar em agosto e até agora foram doze cortes. “São cerca de 40 quilos por dia de matéria verde, o que equivale a um saco de ração comercial. Dá para alimentar umas dez vacas e é por isso que escolho o melhor lote de animais para dar essa alimentação diferenciada”.

A alfafa é uma leguminosa perene e é utilizada principalmente para produção de feno na alimentação de equinos. No Brasil a variedade crioula é a mais utilizada, pela sua rusticidade e melhor adaptação ao clima tropical e estar pronta para corte a cada 30 dias.

Segundo o engenheiro agrônomo Valdecir Segura Pinotti, da Casa da Agricultura local e responsável pelo suporte técnico no projeto CATI Leite, em São Francisco, a alfafa se adaptou bem ao clima e solo da região e vem apresentando resultados satisfatórios. “Em tempos de crise é preciso buscar alternativas para baratear a produção de leite e a alfafa foi uma experiência de sucesso para pastejo de bovino leiteiro e possibilita que o agricultor produza com viabilidade econômica”.

Valdecir destaca que a alfafa é grande fonte de proteína e tem um custo quatro vezes menor que a ração comercial. No caso do Sr. Leonildo, nessa área de 0,7 hectares, ele cultiva alfafa suficiente para o fornecimento diário para os animais mais produtivos, ou seja, aqueles que produzem acima dos 35 litros. “A proposta de cultivo foi um desafio, devido ao clima ser considerado inadequado. Mas, o resultado é que a produção de matéria seca por hectare foi de 23 toneladas no primeiro ano. O que prova a viabilidade da cultura para que o produtor tenha mais uma alternativa para continuar na atividade”.

A pecuária leiteira representa 10% da economia do município. O leite se tornou uma atividade tão importante que os produtores buscaram na Casa da Agricultura local, uma forma de produzir mais com menores custos. Foi implantado o projeto CATI Leite e desde então se tem buscado tecnologias adequadas, que atendam as expectativas de cada região.

Como na produção de leite a alimentação é um dos itens mais importantes, a alfafa, por ser uma forrageira de alta produção de matéria seca, elevada qualidade nutricional, alta palatabilidade e boa digestibilidade, surge como uma boa alternativa para alimentação de animais. Além disso, com a introdução da alfafa pode-se reduzir o uso de concentrados, que são onerosos na atividade leiteira.

O agrônomo enfoca que também existem os contras. Um dos problemas é o manejo de ervas daninhas, já que não existe nenhum herbicida recomendado para a cultura. Quanto às doenças, a única que apareceu foi a antracnose, mas não acarreta danos econômicos, já que acontece na época do corte. Valdecir finaliza dizendo que por ser uma novidade na região, nem os técnicos e nem o produtor sabem o tempo de vida útil da alfafa, mas a expectativa de todos é que a vida útil da cultura chegue, pelo menos, há seis anos”.

Para o produtor Leonildo, a melhor coisa que aconteceu com a implantação do projeto foi reunir toda a família. A filha, o genro e a netinha, que tinham ido para outra cidade em busca de um trabalho melhor, hoje tem sua casa e trabalham na propriedade. O filho, que acabou o curso superior, não deixou a chácara e quer construir uma casa, já que está pensando em se casar. Enfim, todos vivem exclusivamente da produção leiteira.

A Chácara Nossa Senhora Aparecida tem 108 piquetes irrigados e um total de 80 animais, sendo 54 em lactação. A produtividade média é de 20 litros/vaca/dia. O custo de produção está em torno de R$ 0,50 por litro de leite e o preço pago ao produtor é R$ 0,90. As informações são da assessoria de imprensa da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI).

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