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Alimentos alternativos para suínos

Palestras sobre alimentos alternativos para o rebanho suíno



Especialistas em alimentação animal ministraram palestras, que seguiram desde o uso de alimentos alternativos para o rebanho suíno, prática de preparação das rações e visita às instalações dos suínos

O uso de alimentos alternativos para suínos criados em sistema de agricultura familiar motivou um dia de campo da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), na Estação Experimental de Senador Canedo, na última terça-feira, (29.04).

Na área de zootecnia, os especialistas em alimentação animal, encabeçados por Eurípedes Laurindo Lopes, ministraram palestras aos cerca de cem participantes. Ocorreram três estações, cabendo sobre o uso de alimentos alternativos para o rebanho suíno dos pequenos criadores, prática de preparação das rações e visita às instalações dos suínos.

Para Laurindo Lopes, as alternativas de alimentos para suínos são várias e de pequeno custo. Citou, entre elas, o milho, sorgo, milheto, batata-doce e abóbora. Ao apontar a mandioca, fez uma ressalta. O palestrante entende que a mandioca transformada em farinha é mais rentável. No mercado, o quilo da mandioca está a R$ 0,60. A cana-de-açúcar pode ser utilizada de diferentes formas.

O cardápio suíno pode constar, ainda, de frutas e verduras em fase de risco de perdas ou nesse caminho. Exemplificou o caso de mangas, abacate e goiaba em fase de maduração e muitas caindo dos pés. Lopes lembrou também do farelo de arroz, trigo, soja, casca de café, feijão etc.

Ele recomendou o uso de soro de leite, comum nas fazendas onde tem rebanho leiteiro. Mas fez uma restrição: o cuidado com o excesso de sal. Muitas das dicas oferecidas pela Emater-Goiás constam da publicação Utilização de cana-de-açúcar desintegrada na alimentação de suínos em crescimento e terminação. O livreto lançado durante o evento é de autoria de Eurípedes Laurindo Lopes, Janeth Pacheco, Cristiane Felipe e Alexandre Costa.

Segundo a publicação, os gastos com alimentação de suínos representam 70% a 80% dos custos médios de produção. Dentre as principais matérias-primas utilizadas para alimentação de suínos no Brasil estão o milho e o farelo de soja, representando de 90% a 95% da composição das rações para esses animais. O milho desponta como a principal fonte energética na formulação de rações para suínos no País. Em decorrência disso, a Emater entendeu por bem promover um dia de campo sobre os alimentos alternativos para o rebanho suíno, entre eles a cana-de-açúcar.

Laurindo Lopes inclusive situou o interesse em ministrar aos suínos uma alimentação saudável e um custo mais em conta. Deixou bem claro o interesse em evitar incidência de diarreia, melhorar as características de carcaça. "Nosso interesse é o de proporcionar ao agricultor familiar de Goiás uma redução de custo de produção e, em consequência, maior competitividade no mercado", disse, complementando que o experimento foi conduzido na Estação Experimental de Zootecnia da Emater, no município de Senador Canedo.

Foram utilizados 95 suínos mestiços das raças piau, sorocaba e linhagem comercial. Dentre eles, 48 machos castrados e 48 fêmeas, com peso vivo médio inicial de 39,4 quilogramas. Os animais foram divididos em quatro tratamentos e seis repetições em cada tratamento. Cada baia conteve quatro animais, dos quais dois machos castrados e duas fêmeas. O experimento foi encerrado quando os animais atingiram o peso vivo médio de 80,4 quilos.

Durante o período, os animais receberam ração à vontade em comedouros de alvenaria, dispondo de quatro bocas. A água também foi servida à vontade em bebedouro de chupeta. Nos primeiros 30 dias do experimento, os suínos foram observados diariamente para verificar possível incidência de diarreia. O sistema de pesagem ocorreu no começo e no final do experimento. Para avaliação das características de carcaça foram abatidos 16 animais. O Serviço de Inspeção Estadual esteve presente.

Segundo o palestrante, para calcular o valor do custo do quilo de peso produzido por tratamento, foram utilizados os preços do quilo vivo dos insumos utilizados na determinação do preço das rações. Essa coleta se deu na própria região de Goiânia em abril deste ano. Eis os preços encontrados: milho, R$ 0,45; farelo de soja, R$ 1,15; núcleo comercial, R$ 2,70; e cana-de-açúcar desintegrada, R$ 0,05.

Os tratamentos utilizados, conforme relacionou Lopes, foram os seguintes: ração basal, destinada ao controle; substituição de 15% de milho por 15% de cana desintegrada; substituição de 30% de milho por 30% de cana desintegrada; substituição de 45% de milho por 45% de cana desintegrada. As dietas que continham cana desintegrada foram preparadas diariamente.

Resultados

Os resultados de ganho de peso diário, consumo diário de ração, conversação alimentar e custo por quilograma de peso vivo produzido foram positivos. Geraram de R$ 2,10 a R$ 2,20 pelo peso vivo. O rendimento de carcaça por peso vivo rendeu de 3,25 a 4,76 quilos. No período a ocorrência de diarreia foi zero. Os diferentes níveis de inclusão de cana-de-açúcar não interfiram nas características de carcaças estudadas. Para Lopes, "estes resultados permitem concluir que nas condições em que foi desenvolvido o trabalho, a cana-de-açúcar foi viável até o nível de 15% de substituição de milho". E arrematou: "Economicamente esta maior ou menor substituição está na dependência dos preços do milho".

Ao apontar os pontos negativos, situou a pior conversação alimentar, onde se gastou mais alimentos; necessidade de compra de um desintegrador ou triturador; a proliferação de moscas; necessidade de misturar ração todos os dias: e necessidade de colher a cana para consumo em no máximo sete dias. Pontos positivos: baixo preço, menor incidência de problemas respiratórios com a ração menos pulverulenta; menor dependência em relação ao preço do milho e diminuição na compra de grãos.

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