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Alta Genética lança um programa de cruzamento de gado bovino europeu


Preocupada com a queda das vendas de sêmen de gado europeu - base do cruzamento industrial -, a Alta Genética, subsidiária da canadense Alta Genetics, resolveu investir em um programa para traçar o desempenho das raças européias puras sobre animais produtos de cruzamento industrial. "Há inúmeros trabalhos sobre as misturas entre raças puras. O nosso projeto está um passo adiante: ele estudará a mistura entre raças puras com cruzamentos industriais", afirma Heverardo Carvalho, presidente da Alta Genética.

O trabalho, pioneiro no Brasil, visa dar novo fôlego ao mercado de sêmen de gado europeu, que encolheu 20% nos últimos dois anos. "Muitos cruzamentos foram malfeitos, denegrindo a imagem desse segmento. Queremos mostrar que o cruzamento industrial é rentável, desde que bem orientado", afirma o presidente da Alta Genética.

O Programa de Avaliação de Touros em Cruzamento (Pacto) conta com oito mil fêmeas, inseminadas no final do ano passado. Parte delas é composta por matrizes meio-sangue red angus, que serão inseminadas com o senepol. O restante é de fêmeas aneloradas que serão inseminadas com o red angus e o aberdeen angus. Numa segunda etapa, as fêmeas resultantes da mistura de meio-sangue red angus com senepol serão inseminadas com touros das raças nelore e hotlander.

Os primeiros produtos devem nascer entre junho e julho deste ano. Desde já, estão sendo acompanhados por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), parceira da Alta Genética no projeto. "Os bezerros serão controlados. Mediremos o peso no nascimento, o peso na época da desmama, o ganho de peso ao longo da vida e a precocidade sexual. Enfim, todos os aspectos econômicos que interessam ao pecuarista", diz Lucia Galvão de Albuquerque, do departamento de zootecnia da universidade.

Todos os dados passarão a fazer parte de um histórico dos touros. "O criador poderá ver que um determinado touro transmite mais características genéticas quando misturado com um determinado tipo de cruzamento industrial", afirma Carvalho.

Esse tipo de "histórico" é realizado rotineiramente nos Estados Unidos e Europa. Os touros importados já chegam com seu histórico pronto porém, dadas as condições de manejo, alimentação e clima, nem sempre esse histórico é aplicável ao Brasil. "Temos um touro americano chamado Elmo que, nos Estados Unidos, seria apenas mediano. Aqui, no entanto, ele é um dos nossos melhores animais: ele tem grande capacidade de transmitir suas melhores características genéticas aos seus produtos", diz Carvalho.

O inverso, diz, também é verdadeiro. Animais considerados excepcionais lá fora não rendem o esperado no Brasil. "Vendo o exemplo do Elmo, concluímos que era necessário fazer um estudo mais condizente com a nossa realidade", diz.

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