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Americanos fazem lobby para reduzir subsídios do etanol de milho

Associações de produtores de peru, porco, frango e carne bovina estão engajadas em um lobby pesado no Congresso para reduzir os subsídios do etanol de milho


Nos EUA, associações de produtores de peru, porco, frango e carne bovina estão engajadas em um lobby pesado no Congresso para reduzir os subsídios do etanol de milho. A Associação dos Produtores de Carne Bovina pede também a eliminação da tarifa de importação do etanol brasileiro, uma maneira de aumentar a entrada de etanol de cana e reduzir a demanda doméstico por milho para produzir o combustível.

A grande questão é: esses aumentos vieram para ficar, haverá uma mudança estrutural nos preços de alimentos por causa da nova demanda por biocombustíveis ou trata-se de algo temporário, que vai se ajustar com maior oferta, tal como ocorre quando problemas climáticos afetam as colheitas?

Mudança:

André Nassar, presidente do Icone, acha que se trata de uma mudança conjuntural. "O milho vai ficar mais caro por um bom tempo, mas acho que não se trata de uma alta estrutural nos preços dos alimentos", diz. "Há regiões no mundo onde pode haver grande expansão de produção, como o Brasil, mas isso no médio prazo, claro, não no ano que vem".

Especialistas apontam o Brasil como o país com estoque de terras férteis disponíveis. No País, a expansão da produção de etanol de cana não pressiona os preços dos alimentos. Para Lester Brown o Brasil teria, de fato, bom potencial para expansão de produção de soja e milho, mas não de trigo e arroz, por motivos climáticos.

Segundo ele, as pessoas estavam acostumadas com altas temporárias nos preços agrícolas, por causa de uma seca ou enchente, por exemplo. Mas agora a mudança pode ser permanente. "O preço da comida vai subir com o do petróleo", disse Brown. Recentemente, ele foi chamado ao Senado americano para uma audiência sobre os efeitos dos biocombustíveis nos preços mundiais de alimentos.

Ephrain Leibtag, especializado em preços de alimentos do Departamento de Agricultura dos EUA, afirma que, ao lado da demanda por etanol, a alta nos preços de energia também tiveram papel importante na inflação dos alimentos. Ele não acredita que haja uma mudança estrutural. "Acho que não vai perdurar, principalmente porque etanol de milho não é eficiente no longo prazo; deverão mudar para outros combustíveis", disse ele à reportagem. A alternativa seria importação de etanol de cana do Brasil ou etanol celulósico nos EUA, quando se tornar viável comercialmente.

Bruce Babcock, diretor do Centro de Desenvolvimento Agrícola da Universidade de Iowa, acha que a mudança pode ser para valer. "Se os EUA mantiverem políticas de incentivo ao etanol, haverá mudança estrutural nos preços, que se acomodarão em nível mais alto", disse Babcock, que estuda o impacto dos biocombustíveis nos preços dos alimentos. "Nós não chegamos a esse nível e os preços vão continuar subindo".

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