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Análise de mercado da soja

O plantio da soja nos EUA caminha lentamente, dificultado pela falta de chuvas em algumas regiões


Foto: Divulgação

A cotação da soja, para o primeiro mês, ficou acima dos US$ 17,00/bushel pela segunda semana consecutiva, flertando com as máximas históricas naquela Bolsa. Todavia, o fechamento desta quinta-feira (28) ficou abaixo do registrado uma semana antes, ao se consolidar em US$ 17,06/bushel, contra US$ 17,48. 

O plantio da soja nos EUA caminha lentamente, dificultado pela falta de chuvas em algumas regiões. Assim, até o dia 24/04 o mesmo chegava apenas a 3% da área, contra 7% no mesmo período do ano passado e 15% na média histórica. Esta realidade mantém o mercado em alta e com forte volatilidade. Além disso, há problemas de logística nos EUA e, especialmente, continua a pressão da guerra entre Rússia e Ucrânia, a qual fez disparar novamente os preços do óleo de soja (em Chicago o mesmo atingiu seu recorde histórico de 90,60 centavos de dólar por librapeso neste dia 28/04, com um aumento de 14,8% em apenas oito dias úteis). Mesmo com as cotações do farelo recuando, a alta expressiva do óleo sustenta igualmente as cotações do grão na Bolsa. Nesta área, além da manutenção de preços elevados do petróleo, há preocupação diante das dificuldades de exportação de óleo de palma pela Indonésia, grande produtor do produto.

Neste contexto, os fechamentos na economia chinesa, devido a novos surtos de Covid19, ameaçando, inclusive, atingir a capital Pequim, não evitam as altas da oleaginosa. É bom frisar que a China está menos presente no mercado nos últimos tempos, fato que, mais cedo ou mais tarde, em assim continuando, terá efeito sobre as cotações. Enquanto isso, na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 21/04, a colheita da safra de soja deste ano atingia a 31% da área total. A safra final será menor, pois a seca igualmente atingiu o vizinho país neste último verão. As últimas estimativas internacionais (USDA) dão conta de um volume final ao redor de 43,5 milhões de toneladas, contra 46,5 milhões um ano atrás e 48,8 milhões dois anos atrás.

Porém, a Bolsa de Buenos Aires estima uma produção de 42 milhões de toneladas, enquanto alguns analistas privados locais chegam a falar em uma safra de apenas 40 milhões de toneladas. Pelo sim ou pelo não, até o início da presente semana os produtores argentinos haviam vendido 13,6 milhões de toneladas da atual safra, contra 15,5 milhões em igual momento da safra passada. Já no Brasil, o câmbio reverteu sua tendência de valorização do Real e trouxe a moeda nacional para níveis entre R$ 4,95 e R$ 5,00 por dólar nesta semana. A forte possibilidade de um aumento maior nos juros básicos dos EUA, no início de maio, assim como, novamente, distúrbios políticos internos no Brasil, especialmente entre a presidência da República e o STF, trouxeram instabilidade à moeda. Lembrando que a forte inflação nacional deverá elevar a Selic, em nosso país, na reunião do Copom da próxima semana Tal elevação, provavelmente, será entre 1,0 a 1,5 ponto percentual. Assim, os três principais elementos formadores do preço da soja no país caminharam no sentido de elevar o preço interno da oleaginosa (Chicago ao redor das máximas históricas; câmbio voltando próximo aos R$ 5,00; e prêmios nos portos nacionais entre US$ 1,60 e US$ 1,90/bushel).

Desta forma, não é surpresa o fato de o saco de soja, na média do balcão gaúcho, chegar a R$ 186,86 nesta semana, enquanto nas demais praças o mesmo girou entre R$ 170,00 e R$ 183,00. Enquanto as indústrias moageiras brasileiras estiveram mais ativas nas compras de soja nestes últimos dias, ação que eleva a liquidez do mercado nacional, os produtores que possuem o produto não mostram muito interesse em vendê-lo, esperando recuperação dos preços, após os mesmos terem superado os R$ 200,00/saco em algumas regiões do país (especialmente no Rio Grande do Sul), pouco tempo atrás.

Dito isso, no Rio Grande do Sul, a colheita avançou um pouco mais, estando hoje ao redor de 65% da área total, apesar das chuvas serem relativamente constantes em muitas regiões do Estado. As perdas gerais apontam para um total de 55% em relação ao volume esperado inicialmente, com a produtividade média estadual, atual, girando ao redor de 25 sacos/hectare. (cf. Emater)

No Mato Grosso do Sul, a safra igualmente sofreu perdas importantes. As mesmas seriam de 34,5% em relação ao colhido no ano anterior, atingindo um volume final de 8,7 milhões de toneladas. Em relação ao inicialmente esperado, as perdas chegam a 31,1% tomando-se como referência a produtividade média. Assim, o Estado deixou de colher um volume equivalente ao que exporta todos os anos, ou seja, 4 milhões de toneladas de soja. (cf. Projeto SIGA/MS).

Em paralelo, no Brasil, a colheita teria alcançado a 92% da área no início da presente semana. Espera-se um volume final colhido ao redor de 120,1 milhões de toneladas (cf. AgRural). Enfim, as exportações de soja pelo Brasil foram revisadas para cima no que diz respeito ao volume esperado para abril. Agora, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o volume final do mês poderá alcançar 12,1 milhões de toneladas. Mesmo assim, longe dos 15,7 milhões alcançados no mesmo mês de 2021. Enquanto, isso as vendas externas de farelo de soja, em abril, ficam estimadas em 1,93 milhão de toneladas, contra 1,58 milhão um ano antes.

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