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Análise Semanal do Mercado de Trigo

No mercado brasileiro, os preços se mantiveram firmes


Comentários referentes ao período entre 28/09/2012 a 04/10/2012

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²


As cotações do trigo em Chicago fecharam esta quinta-feira (04) em US$ 8,69/bushel, após US$ 8,55/bushel uma semana antes e US$ 8,76/bushel na média de setembro. Os estoques trimestrais, na posição 01/09, nos EUA indicaram um volume de 57,1 milhões de toneladas. Esse volume ficou 2% menor em relação a igual período de 2011.


Por sua vez, as inspeções de exportação de trigo por parte dos EUA chegaram a 666.342 toneladas na semana encerrada em 27/09. No acumulado do ano comercial iniciado em 01/06/12, o volume inspecionado é de 9,68 milhões de toneladas, contra 10,73 milhões no mesmo período do ano anterior.

Ainda nos EUA, a colheita do trigo de inverno chegou a 40% da área em 30/09. A média histórica é de 43% para esta época do ano. Vale destacar que o trigo de inverno é mais importante, em produção, do que o trigo de primavera. (cf. Safras & Mercado) Paralelamente, na Argentina o governo local informa que até o dia 12/09 os exportadores locais haviam comprado 11,7 milhões de toneladas do cereal da safra passada. Deste total, o volume efetivamente embarcado seria de 9,9 milhões de toneladas. Quanto à safra futura, a licença para exportação é de apenas 6 milhões de toneladas, sendo que 3,5 milhões já teriam sido adquiridas pelos exportadores.

Por sua vez, no Uruguai, a área plantada teria chegado a 437.000 hectares para 2012/13, porém, talvez alcance 450.000 hectares segundo o setor privado local. O problema agora, assim como no Rio Grande do Sul, passa a ser o clima, já que o excesso de chuvas, temporais, granizo e mesmo geadas teriam provocado estragos nas lavouras locais. O chamado trigo velho estaria com preço de US$ 305,00/tonelada no Uruguai, enquanto o produto posto no porto de Nueva Palmira fica entre US$ 320,00 e US$ 325,00/tonelada.

No conjunto do Mercosul, o mês de outubro iniciou com o seguinte quadro de preços: na Argentina, o porto de Baia Blanca indicava valores de US$ 345,00/tonelada para compra. No Up River o valor era de US$ 335,00/tonelada, enquanto em Necochea o valor de compra se situava ao redor de US$ 330,00/tonelada nesta modalidade. No Uruguai os preços eram estáveis, aos valores referidos anteriormente, enquanto no Paraguai o preço para compra ficou em US$ 290,00/tonelada, com alta de 11,5% no mês. O trigo brasileiro tipo exportação, na venda, ficou em US$ 335,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)

No mercado brasileiro, os preços se mantiveram firmes, apesar do Paraná já ter colhido cerca de 60% de sua área e as lavouras gaúchas sofrendo muito com as intempéries destes últimos 20 dias. Assim, o balcão gaúcha fechou a semana em R$ 28,55/saco, enquanto os lotes oscilaram, na média, entre R$ 574,00 e R$ 590,00/tonelada. No Paraná, os lotes ficaram entre R$ 660,00 e R$ 675,00/tonelada.


Esperava-se um mercado interno mais agressivo após a suspensão do leilão oficial do final de setembro, porém, isso não ocorreu. No Rio Grande do Sul, onde a colheita apenas começa no norte do Estado, cerca de 50% da futura safra já teria sido negociada. No total brasileiro, considerando as intempéries destas últimas semanas, é provável que o volume final não alcance 5,0 milhões de toneladas. Além disso, um bom volume deve estar comprometido em termos de qualidade.

Enfim, em termos de paridade de importação, tomando-se por referência a tonelada FOB Baia Blanca na Argentina, ao valor de US$ 345,00, o trigo chegaria aos moinhos paulistas em torno de US$ 403,00/tonelada. Ao câmbio atual isso representaria um valor de R$ 816,00/tonelada. Assim, para alcançar o mesmo patamar do produto argentino, o trigo do norte do Paraná poderia estar sendo vendido por até R$ 688,00/tonelada FOB.

Abaixo segue o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 06/09 e 04/10/2012.



¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

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