CI

Análise Semanal do Mercado de Trigo

Comentários referentes ao período entre 19/04/2013 a 25/04/2013


Comentários referentes ao período entre 19/04/2013 a 25/04/2013

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum ¹
Emerson Juliano Lucca ²

As cotações do trigo em Chicago pouco oscilaram durante esta semana, fechando a quinta-feira (25) em US$ 7,01/bushel, após US$ 7,02 uma semana antes.

As vendas líquidas dos EUA, para o ano 2012/13, chegaram a 552.100 toneladas de trigo na semana encerrada em 11/04, sendo a Argélia o principal comprador com 110.000 toneladas. Já as vendas para o ano 2013/14, que se iniciará em 1º de junho, somaram 1,11 milhão de toneladas na mesma semana, sendo a China o principal comprador com 840.000 toneladas.

Por sua vez, as inspeções de exportação estadunidenses de trigo somaram 676.221 toneladas na semana encerrada em 18/04. No acumulado do ano 2012/13, iniciado em 1º de junho de 2012, tem-se 23,7 milhões de toneladas, contra 24,4 milhões no mesmo período do ano anterior.

Paralelamente, as condições das lavouras de trigo de inverno nos EUA, no dia 21/04, eram de 35% entre boas a excelentes, 32% regulares e 33% entre ruins a muito ruins. Já o plantio do trigo de primavera chegava a 7% da área esperada, na mesma data, sendo que a média histórica é de 24%. Ou seja, o mesmo está muito atrasado!
No Mercosul, a baixa liquidez de trigo, especialmente pela quebra na safra argentina e brasileira, está acelerando as compras do Brasil sem a aplicação da TEC sobre o produto oriundo de países de fora do bloco. Isso vem provocando recuos de preço do cereal na região, mesmo com pouca oferta local. Em relação a média da semana anterior, o recuo nos preços foi de 6,5% nesta semana. Assim, no porto argentino de Bahia Blanca a tonelada ficou em US$ 320,00 na compra, com recuo de 8,6% no mês. No Uruguai, a tonelada ficou em US$ 359,00 na compra. No Paraguai a mesma registrou US$ 285,00. Já o trigo brasileiro para exportação ficou na faixa de US$ 300,00/tonelada FOB. (cf. Safras & Mercado)

Aliás, o fato de o Brasil estar exportando trigo num momento em que possui pouca oferta e sendo um tradicional importador está levando os EUA a questionarem o programa PEP como sendo um instrumento de subsídio às vendas externas. Em 2012 o Brasil exportou quase 50% de uma safra de apenas 4,3 milhões de toneladas, diante de um consumo interno que gira entre 10 e 11 milhões de toneladas anuais.

Dito isso, no mercado interno brasileiro, o último leilão de venda de estoques da Conab escoou 72% das 75.000 toneladas disponibilizadas. A ideia continua sendo segurar os preços ao consumidor diante de uma inflação geral em alta. Nesse momento, no mercado nacional privado há pouco trigo disponível. Assim, os moinhos que estão trabalhando da “mão para a boca”, com poucos estoques, têm se direcionado aos leilões oficiais, já que o produto tem se apresentado com boa qualidade e preços atrativos. Os próximos leilões de venda da Conab estão programados para o dia 02/05, com cerca de 72.350 toneladas a serem disponibilizadas.

Quanto aos preços no mercado brasileiro, a semana fechou com o balcão gaúcho estacionado em R$ 30,92/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 650,00/tonelada para a compra. No Paraná, os lotes registraram R$ 710,00 a R$ 720,00/tonelada igualmente para a compra. O preço médio do trigo nacional, nos últimos 15 dias, teria recuado 7%. Tais preços terão dificuldades para subirem daqui em diante, pois se espera a entradade um volume ainda maior de trigo importado sem a TEC, procedente dos EUA e Canadá. Deverá favorecer a entrada desse produto a notícia de que a partir do dia 19/04 os portos do Rio de Janeiro, Santos e Vitória passaram a operar 24 horas por
dia.

Por outro lado, o plantio já está bem avançado no Paraná e logo mais se inicia no Rio Grande do Sul, porém, a oferta geral no país e no Mercosul ainda será insuficiente neste próximo ano. Desta forma, o clima passa a ser o fator essencial a partir de agora neste mercado. Mesmo assim, os preços nacionais tendem a continuar baixistas
puxados pela tendência mundial, salvo uma nova e forte frustração na produção sulamericana. Enfim, na paridade de exportação, o trigo argentino está sendo posto nos moinhos paulistas, a um câmbio de R$ 2,01, no valor de R$ 755,00/tonelada. Com isso, para chegar ao mesmo nível do importado, o trigo do norte do Paraná, deveria ser vendido a R$ 647,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)


¹Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
²Economista, Mestre em Desenvolvimento, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.