CI

Análise Semanal do Mercado do Milho

O fechamento do dia 14/06 ficou em exatos US$ 6,01/bushel


Comentários referentes ao período entre 08/06/2012 a 14/06/2012

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²



As cotações do milho em Chicago oscilaram menos que a soja, porém, agindo em sentido inverso. Após recuarem durante a semana, acabaram fechando a mesma no terreno positivo, rompendo o piso dos US$ 6,00/bushel. O fechamento do dia 14/06 ficou em exatos US$ 6,01/bushel.


O motivo é a possível redução do potencial produtivo nos EUA devido a um início de seca em determinadas regiões produtoras, embora as chuvas estejam previstas para os próximos 10 dias. Tanto é verdade que o fechamento do dia 15/06 veio para US$ 5,79/bushel.

Na prática, o relatório de oferta e demanda, ao confirmar os números de maio, acabou sendo mais uma vez baixista para o milho. Enquanto a produção e os estoques finais foram mantidos em níveis recordes, no cenário mundial o relatório aumentou as duas cifras, passando a produção para 949,93 milhões de toneladas e os estoques finais para 155,74 milhões de toneladas. Ainda nos EUA não houve modificação sobre o volume de milho a ser utilizado para a fabricação de etanol, com o mesmo ficando em 127 milhões de toneladas.

Assim como no caso da soja, a preocupação do mercado, diante da tendência de baixa das cotações nos meses futuros, a partir de uma safra cheia nos EUA, fica sendo apenas o clima naquele país. Dito de outra maneira, diante da crise mundial, agravada pela realidade europeia, apenas uma frustração da safra dos EUA fará as cotações voltarem a subir. E o mercado estará atento a isso durante toda a atual safra, pois a colheita de milho nos EUA se dará apenas a partir de setembro.

Por outro lado, as exportações estadunidenses da semana anterior foram ruins, ficando em apenas 434.494 toneladas, decepcionando o mercado. Junto a isso, as condições das lavouras nos EUA, até o dia 10/06, indicaram que 72% estariam entre boas a excelentes, contra 69% que era a expectativa do mercado.

Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB fechou a semana em US$ 233,00 e US$ 137,50 respectivamente.
No Brasil, os preços voltaram a perder força. O balcão gaúcho trabalhou com valores em R$ 24,03/saco, enquanto os lotes fecharam a semana oscilando ao redor de R$ 25,75/saco. Nas demais praças, os lotes oscilaram entre R$ 13,25 em Sorriso (MT) e R$ 25,75/saco em Videira (SC). Os valores mato-grossenses indicam a forte pressão baixista que a safrinha vem fazendo.


Aliás, a safrinha já teve seu processo de colheita iniciado e seu volume final está sendo revisado para cima. O mesmo deverá alcançar entre 36 e 38 milhões de toneladas, se constituindo num recorde histórico. Com isso, mesmo exportando até 12 milhões de toneladas de milho (nesse momento ainda bastante difícil), o país terá um recorde histórico em estoque final do cereal, com o mesmo, na melhor das hipóteses bater em 7,5 milhões de toneladas, porém, podendo mesmo ultrapassar as 10 milhões de toneladas. Nessas condições, o recuo dos preços futuros do milho no Brasil inteiro é uma tendência plausível e clara. No Sul do país, onde a seca reduziu a produção da safra em pelo menos 50%, a tendência é de preços abaixo de R$ 20,00/saco no segundo semestre. No Centro-Oeste, não será surpresa se os preços vierem abaixo de R$ 10,00/saco no final da colheita da safrinha. Em isso acontecendo, os preços no sul brasileiro poderão recuar para níveis mais próximos de R$ 16,00/saco, caso não haja aumento sensível no custo do frete para trazer o produto do Centro-Oeste e/ou do Paraná.

Enfim, a semana terminou com a importação, no CIF indústrias brasileiras, valendo R$ 41,93/saco para o produto procedente dos EUA e R$ 35,72 para o produto da Argentina, ambos para junho. Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou R$ 26,74/saco para junho/12 e R$ 24,93/saco para janeiro/13.

Abaixo segue o gráfico da variação de preços do milho no período de 18/05 a 14/06/2012.



¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.