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Análise semanal do mercado do trigo

Comentários referentes ao período entre 30/03/2012 a 05/04/2012


Comentários referentes ao período entre 30/03/2012 a 05/04/2012

Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca² 
 
As cotações do trigo em Chicago, acompanhando o movimento altista da soja e do milho, após o anúncio do relatório de intenção de plantio do dia 30/03, subiram mesmo sem motivo aparente. O aspecto central aqui foi a especulação do sistema financeiro, presente na com mais força nas bolsas nas últimas semanas.

Desta forma, o fechamento da quinta-feira (05/04) ficou em US$ 6,38/bushel, após US$ 6,12 uma semana antes e US$ 6,60 no dia 30/03, logo após o anúncio do relatório. A média de março ficou em US$ 6,48/bushel, o que demonstra estabilidade nesse mercado.

Ainda em relação ao relatório do dia 30/03, o USDA anunciou que o estoque de trigo nos EUA, na posição 1º de março, chegava a 32,6 milhões de toneladas ou 16% abaixo do registrado na mesma época do ano passado.
Por sua vez, as inspeções de exportação dos EUA alcançaram 418.855 toneladas na semana encerrada em 29/03. No acumulado do ano comercial iniciado em 1º de junho, o volume atinge 22,5 milhões de toneladas, contra 27,2 milhões um ano antes. Já as vendas líquidas de trigo estadunidense, no atual ano comercial iniciado em 1º de junho/11, somaram 226.100 toneladas na semana encerrada em 22/03, ficando 58% abaixo do registrado na semana anterior. A Nigéria foi o maior comprador com 64.800 toneladas. Para o ano 2012/13 as vendas líquidas chegaram a 177.000 toneladas.

Nos EUA, o plantio do trigo de primavera, até o dia 1º de abril, chegava a 8%, contra 2% na média histórica para a data. As lavouras semeadas apresentam 58% numa situação entre boas a excelentes condições, 30% regulares e 12% entre ruins e muito ruins. Por sua vez, a colheita do trigo de invernos inicia em maio enquanto a do trigo de primavera se dá entre agosto e setembro. (cf. Safras & Mercado)

Ainda em termos mundiais, a produção global para 2012/13 está projetada em 681 milhões de toneladas, o que seria 15 milhões abaixo do registrado no atual ano 2011/12, segundo o Conselho Internacional de Grãos.

Em termos regionais, os preços do trigo no Mercosul terminaram a semana da seguinte maneira: no Up River argentino, compra para embarque em abril e maio ficou em US$ 244,00/tonelada, representando uma variação mensal negativa de 2,8%. Em Bahia Blanca, o preço ficou em US$ 254,00/tonelada, com recuo de 2,7%. Na região de Necochea a indicação está em US$ 239,00/tonelada, com recuo de 2,8% em relação ao mês anterior. No Uruguai o valor ficou em US$ 250,00/tonelada e no Paraguai em US$ 280,00/tonelada.

Assim como no Rio Grande do Sul, a Argentina indica que seus produtores deverão semear uma área maior de trigo nesta próxima safra, tentando compensar as perdas com a safra de verão que está sendo concluída.
 
Enfim, a Austrália anuncia que exportou 9,5 milhões de toneladas entre outubro/11 e fevereiro/12, com elevação de 29% sobre o volume negociado na mesma época do ano comercial anterior.

Quanto ao mercado brasileiro, o preço de balcão permaneceu em R$ 24,00/saco no Rio Grande do Sul, com muitas regiões fora do mercado. Já os lotes se mantiveram entre R$ 440,00 e R$ 445,00/tonelada no mercado gaúcho. No Paraná, os lotes permaneceram em R$ 485,00/tonelada.

Sobre a paridade de importação, tanto o trigo do Paraná quanto o da Argentina estão chegando em São Paulo CIF moinhos a R$ 575,00/tonelada, havendo muito pouca vantagem de custos em favor do cereal argentino. Já o trigo originário do Uruguai poderia chegar a R$ 565,00/tonelada ou 2,1% abaixo do valor praticado ao produto nacional. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, no que deve ter sido os últimos leilões de PEP e Pepro, realizados no dia 29/03, foram negociadas apenas 53.200 toneladas de um total ofertado de 401.000 toneladas. Assim, no somatório geral o governo conseguiu escoar 2,34 milhões de toneladas ou 41,1% da safra nacional, com um subsídio de R$ 86,00/tonelada.

Abaixo segue o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 09/03 e 05/04/2012.
 
 
1 Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2 Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.

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