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Analistas temem mais filas no Porto do Paranaguá


Ao impedir o embarque de soja sem certificação, o governador do Paraná, Roberto Requião, e o seu irmão, Eduardo Requião, superintendente do Porto de Paranaguá (PR), estão plantando uma bomba no meio do mercado de soja. Essa é a opinião de alguns representantes de empresas multinacionais operadoras do mercado de grãos. "Eles basicamente estão desprezando o porto de Paranaguá como rota para exportação de soja", declarou Sérgio Mendes, diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

O maior porto exportador de grãos do Brasil, o de Paranaguá, começou a realizar testes em estoques de soja, sexta-feira, para assegurar que soja geneticamente modificada não seja embarcada, segundo informou Olécia Plahtyn, porta-voz da autoridade portuária. Especialistas do Paraná vão testar 70 mil toneladas de soja atualmente estocadas no porto e vão enviar de volta os lotes em que forem detectados indícios de transgênicos.

Eduardo Requião declarou segunda-feira, em Curitiba, que as exportações permanecerão interrompidas enquanto os resultados dos testes não forem conhecidos e que todos os caminhões que chegarem ao porto a partir de agora deverão apresentar certificados que comprovem que a soja não é transgênica, ou terão de arcar com o custo dos testes estimados em R$ 500.

"Todas os principais operadores estão conscientes dessa política já há algum tempo. O porto vai assegurar que transgênicos não serão mais exportados por aqui", segundo informou Olécia Plahtyn.

Por força de uma lei promulgada no início da semana, o plantio, o transporte e o uso de soja transgênica estão proibidos no Paraná. Na semana passada, o governo do Estado estabeleceu postos de controle ao longo das fronteiras com São Paulo, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina para evitar a entrada de produtos transgênicos no estado.

A proibição atualmente não está causando dificuldades, mas podem surgir problemas na época da colheita a partir de fevereiro. Em 2002, Paranaguá embarcou 38% das exportações do complexo soja do Brasil, no valor de US$ 2,3 bilhões.

Segundo o diretor do Porto de Paranaguá, Orsival Francisco, até o início de novembro nenhum navio está programado para chegar a Paranaguá. "Por enquanto não há problemas de embarque". Para que sejam realizados todos os testes serão necessários mais ou menos cinco dias, o que significa que a partir da próxima semana algum atraso já poderá ser observado no porto.

O plantio de transgênicos se disseminou no sul do Brasil por alguns anos, com o uso concentrado no Rio Grande do Sul, onde até 70% da lavoura é transgênica, segundo estimativas do setor privado. Mas apesar da linha dura, as estimativas são de que cerca de 25% a 30% das plantações de soja do Paraná também sejam transgênicas, segundo previsões da Associação Brasileira de Produtores de Sementes (Abrasem) para 2003/04.

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