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Analistas veem vantagens, mas diversos obstáculos

Em relatório divulgado ontem, os especialistas do Bank of America-Merrill Lynch acreditam ser improvável a venda da Mosaic pela Cargill, sua controladora


"A Vale não comenta boatos", disse Fernando Thompson, porta-voz da companhia, sobre a notícia de que a mineradora estaria estudando uma oferta de compra da Mosaic, em uma disputa com a BHP Billiton. Analistas de mineração estão divididos em relação ao potencial negócio.

Em relatório divulgado nessa quinta-feira (16), os especialistas do Bank of America-Merrill Lynch acreditam ser improvável a venda da Mosaic pela Cargill, sua controladora, mesmo considerando que pode ser bom para a Vale, pois vai diversificar seus negócios. Para o banco americano, "a Cargill tem um cenário de longo prazo positivo para fertilizantes de fosfato e potássio o que torna estrategicamente improvável a venda Mosaic".

Segundo o Bofa-Merrill Lynch, a Cargill fez um investimento significativo em 2004, quando comprou a IMC Global, um investimento significativo, e fundiu esta empresa com o negócio que ela tinha na área de nutrientes agrícolas. E aí formou a Mosaic. Para seus analistas, a Cargill não precisa de caixa e seu balanço é o mais forte em muitos anos.

A Mosaic tinha valor de mercado de US$ 60 bilhões há um ano atrás. Por esta razão, os especialistas acreditam que "qualquer oferta pela empresa para interessar à Cargill teria que ser muito superior aos US$ 25 bilhões ( citados na matéria)". Para o banco americano, "se a Cargill demonstrar interesse em vender a Mosaic, poderia desencadear ofertas maiores de outros candidatos, como a BHP". O fato poderia fazer do bid da Mosaic uma verdadeira guerra entre gigantes.

O relatório do Itaú Securities sobre o assunto não descarta uma possível oferta da Vale pela Mosaic, apesar de seus analistas lembrarem que a Vale tem dito que está focada em aquisições de empresas de pequeno e médio porte, o que não é o perfil da Mosaic. Mas acham cedo para saber se é real o interesse da mineradora pela empresa ou se a potencial oferta pode se limitar apenas às minas de potássio e fosfato da Mosaic.

Os analistas do Itaú Securities apontam algumas razões pelas quais acham possível uma eventual compra da Mosaic pela Vale. Eles acreditam que a Vale tem um bom balanço, que lhe permite fazer um débito de US$ 20 bilhões combinados com mais US$ 5 bilhões retirados de seu caixa de US$ 12 bilhões. E destacam que "potássio, juntamente com cobre e carvão, é parte do plano estratégico de aquisições da companhia".

Roger Agnelli, presidente-executivo da Vale, tem destacado o interesse da companhia pela área de fertilizantes. No Brasil, a Vale tem a mina de potássio de Taquari Vassouras (SE), com capacidade de 700 mil toneladas. A empresa comprou em 2008 minas de fosfato no Peru, em Bayovar. No início de 2009, comprou por US$ 850 milhões minas de potássio da Rio Tinto no Canadá e na Argentina. Agnelli considera o negócio prioritário. "Ninguém vive sem comer", declarou no ano passado.

Para fontes do setor de mineração, se a Vale adquirir a Mosaic, terá que "tirar o pé do freio" para integrar a empresa e pagar sua dívida, como fez com a Inco. Se a oferta pela Mosaic for mesmo de US$ 25 bilhões, "é a bala que a Vale tem guardada para os próximos três anos". Ou seja, depois desta eventual aquisição, se tiver outra tacada que valha mais a pena, a companhia brasileira ficará engessada.

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