O animal cujo DNA foi usado no sequenciamento do genoma bovino é uma vaca chamada Dominette, da raça Hereford. Trata-se de uma raça taurina (Bos taurus), de origem europeia, diferente das raças zebuínas (Bos indicus), de origem indiana, que compõem 80% do rebanho brasileiro.
Ainda assim, o genoma poderá ser muito útil à pecuária brasileira, dizem os especialistas. “É a melhor ferramenta que temos, sem dúvida”, afirma Caetano. “Mesmo sendo um genoma taurino, é algo que tem muito valor”, completa o cientista da Embrapa, ressaltando que a diferença genômica entre os dois grupos deve ser pequena. As raças taurinas são a base da pecuária na Europa, nos EUA e na Argentina.
O trabalho de sequenciamento já vem acompanhado de uma segunda pesquisa, que comparou o genoma da vaca Dominette com amostras de DNA de quase 500 animais de 6 outras raças (taurinas e zebuínas) de 19 regiões. Isso resultou na identificação de 37.470 variações genéticas entre as raças, que os cientistas poderão usar como marcadores para rastrear e mapear características de interesse para o melhoramento.
Um dos grandes desafios da pecuária brasileira, por exemplo, é transplantar a qualidade de carne dos taurinos para a matriz genética dos zebuínos, que são mais resistentes ao clima tropical, porém têm uma carne menos macia e saborosa.
“A complexidade começa agora. Temos um grande livro, que mal aprendemos a abrir as páginas e a decifrar alguns parágrafos”, diz Luiz Antonio Josahkian, da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). “Falta aprender a ler todo o texto e interpretar os diferentes contextos - a interação entre os genes e dos genes com o meio ambiente.”
