Antracnose e Podridão Vermelha da Raíz
Antracnose e Podridão vermelha das raízes, doenças crescentes na cultura da soja
A semente de soja assume importante papel na disseminação e transmissão de inúmeros microorganismos, sendo os fungos os de maior ocorrência (Neergaard, 1979). Mais de 35 espécies de fungos podem ser transmitidos pela semente de soja, considerando os patogênicos e os não patogênicos. Dentre os patogênicos, os mais importantes, no Brasil, são Phomopsis sojae, Colletotrichum truncata, Cercospora kikuchii, Cercospora sojina e Fusarium spp., dentre outros (Brancão et al., 1988).
O tratamento de sementes de soja com fungicidas é uma medida eficaz de controle de muitos patógenos. Reis (1976) afirma que o fungicida não controla somente os fungos na própria semente, como também os de solo, reduzindo a incidência de "damping-off” causado por eles. Recentemente, tem sido observada uma redução considerável na ocorrência de C. truncatum em sementes de soja, porém, sementes oriundas de lavoras que sofreram atraso de colheita, devido a chuvas, podem apresentar índices mais elevados de infecção.
Antracnose (Colletotrichum truncata)
A antracnose é a principal doença que afeta as plântulas de soja e a fase inicial de formação das vagens. Em anos chuvosos, pode causar perda total da produção, mas, com maior freqüência causa morte de plântulas e redução do número de vagens, induzindo a planta à retenção foliar e haste verde (Embrapa, 2002). Além disso, sob condições de alta umidade, causa apodrecimento e queda das vagens, abertura das vagens imaturas e germinação dos grãos em formação.
Os sintomas da doença incluem morte de plântulas, necrose dos pecíolos e manchas nas folhas, hastes e vagens. Sendo o inóculo primário proveniente de restos culturais e sementes infectadas que causam necroses em cotilédones. O fungo infecta ramos laterais, pecíolos e vagens em qualquer estádio de formação. Quando ataca as vagens, pode causar queda destas ou deterioração dos grãos em colheitas atrasadas. As vagens infectadas nos estádios fenológicos R3 a R4 adquirem coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas. As sementes apresentam pequenas manchas de coloração castanho-escura. Em períodos de alta umidade, as partes infectadas ficam cobertas por pontuações negras, denominadas de acérvulos (Kimati et. al., 2005).
A redução da incidência de antracnose, em condições favoráveis da doença, só será possível através de rotação de culturas, maior espaçamento entre as linhas (50 a 55 cm), população adequada (250.000 a 300.000 plantas/ha), tratamento químico de semente e manejo adequado do solo, principalmente, com relação à adubação potássica. Observações a campo têm mostrado que, sob semeadura direta e em áreas com cobertura morta, a incidência de antracnose é menos severa. O manejo da população de percevejo é também importante na redução de danos por antracnose (Kimati et. al., 2005).
Podridão vermelha da raiz (PVR) (Fusarium solani)
Essa doença foi observada pela primeira vez na safra 1981/82, em São Gotardo (MG). A partir da safra 96/97, ela está presente desde o Maranhão ao Rio Grande do Sul, sendo os estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, de Goiás e de Minas Gerais os mais afetados. A podridão vermelha da raiz (PVR) ocorre em reboleiras ou de forma generalizada na lavoura (Embrapa, 2002).
O sintoma de infecção na raiz inicia com uma mancha avermelhada, mais visível na raiz principal, geralmente localizada um a dois centímetros abaixo do nível do solo. Essa mancha se expande, circunda a raiz e passa da coloração vermelho arroxeada para castanho-avermelhada a quase negra. Essa necrose acentuada localiza-se mais no tecido cortical, enquanto que o lenho da raiz adquire coloração, no máximo, castanho-clara, estendendo-se pelo tecido lenhoso da haste a vários centímetros acima do nível do solo. Nessa fase, observa-se, na parte aérea, o amarelecimento prematuro das folhas e, com maior freqüência, uma acentuada necrose entre as nervuras das folhas, resultando no sintoma conhecido como folha "carijó" (Kimati et. al., 2005).
Informações disponíveis até o momento indicam que, o uso de cultivares tolerante e evitar a compactação do solo visando reduzir o encharcamento podem favorecer a redução da incidência da doença.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional de Pesquisa de Soja. Tecnologias de produção de soja. Paraná 2003. Londrina, 2002. 195p.
BRANCAO, N.; AVOZANI, O.A. & DORNELLES, G.L.B. Avaliação de fungos patogênicos associados às sementes de soja (Glycíne max (L) Merrill). Fitopatol. Bras., Brasília, 13(2):145, 1988.
KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO,L.E.A. Manual de Fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas, volume II. 4.ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. 663 p.
NEERGAARD, P. Seed Pathology. v. 1. London. The MacMillan Press. 1979.
REIS, E.M. Tratamento de sementes de soja com fungicidas. Lav. Arroz, Porto Alegre, 29(289):42-5, 1976.
1 Professora da Universidade de Passo Fundo, Fitopatologia, BR 285 Km 171 - Cx. Postal 611, CEP: 99052-900 - Passo Fundo/RS, Fone: (54) 3316-8151
2 Estagiários do Projeto Lavouras do Brasil, Universidade de Passo Fundo.