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Apesar de indicar alta no preço do leite, Conseleite-RS prevê retração futura

Valor referência projetado para o mês de abril é de R$ 1,3541


Foto: Marcel Oliveira

Os primeiros dez dias do mês de abril apontam uma alta de 9,79% no preço do litro do leite. Os dados foram apresentados em reunião, por videoconferência, do Conseleite-RS nesta terça-feira (28/4). O valor de referência projetado é de R$ 1,3541, ante o R$ 1,2333 consolidado de março. O setor está apreensivo em meio à pandemia de coronavírus que gerou redução no consumo do produto. O presidente do Conseleite-RS e assessor da Presidência da Farsul, Rodrigo Rizzo, comenta que a recomposição de preço na entressafra era um movimento esperado pela queda de lactação e pelo impacto da seca que atingiu a maior parte dos municípios gaúchos.

Rizzo lembra que o período também marca um aquecimento do consumo pela formação de estoques pelas famílias, mas que essa elevação ainda não refletiu em ganhos no campo. "Os animais estão produzindo menos, o dólar está em alta, as cotações da soja e do milho tiveram valores elevados, assim como insumos e medicamentos. E, ao abrir os silos para alimentar os animais, verificamos que a qualidade da silagem estocada está ruim", pontuou. Segundo ele, a grave seca que atinge o RS coloca a produção leiteira em situação diferenciada em relação ao restante do país e segue trazendo fortes impactos no dia a dia e na rentabilidade do produtor.

Representando as indústrias, o vice-presidente do Conselho e presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, alertou que as vendas despencaram e os preços já retornaram a patamares anteriores à Covid-19. "As pessoas foram às compras e adquiriram, em um curto período de tempo, produtos para várias semanas. O que vimos agora é uma queda forte tanto no varejo tradicional quanto no food service, setor mais impactado pelo isolamento social com o fechamento de bares, hotéis e restaurantes. As incertezas são grandes e não saberemos como será o amanhã. O momento é de muita cautela", ponderou. Guerra ressaltou que o Conseleite-RS avalia apenas os primeiros dez dias do mês, e o mercado é regido por todo um mix durante 30 dias. "No próximo levantamento, veremos provavelmente o reflexo da queda de consumo nos preços, o que já é realidade na produção hoje".

O coordenador da Comissão do Leite e Derivados da Farsul, Leonel Fonseca, demonstra preocupação com o futuro em decorrência de problemas que já vem de longo tempo. "O produtor vem acumulando aumento nos custos de produção ao longo dos anos que não são refletidos nos valores recebidos. Se somos uma cadeia, precisamos trabalhar como uma nas horas boas e ruins, não se pode sobrecarregar apenas um elo", comenta. "Sabemos que teremos uma crise ali na frente, mas já estamos enfrentando a nossa, agravando um cenário que já existia e havia piorado com a seca", conclui apresentando resultado de levantamento realizado pela Emater-RS que aponta que somente na Zona do Sul do Estado a quebra no período de fevereiro a março na produção de leite foi de 41,3%, equivalente a R$ 6,67 milhões (preço médio de R$ 1,18/litro).

Durante a reunião, foi definido que o Conseleite-RS remeterá ofícios aos governos estadual e federal com reivindicações do setor lácteo. Ao secretário da Agricultura, Covatti Filho, o colegiado requer ações de enfrentamento da seca no Rio Grande do Sul com apoio financeiro e aquisição pública de alimentos. Para a União, a urgência é em relação à liberação de PIS Cofins às indústrias e agilidade na operacionalização dos recursos anunciados.

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