Apoio a Lula mantém ponte entre agronegócio e governo
O objetivo do apoio é manter aberto um canal de diálogo entre o setor e o governo
O governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), justificou nessa terça-feira (17-10) o apoio ao presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno da disputa eleitoral como tática para manter aberto um canal de diálogo entre o setor agrícola e um eventual novo governo petista.
Ao mesmo tempo, Maggi rebateu qualquer insinuação de que tenha vendido seu apoio. "Votei nele (Lula) no segundo turno passado (em 2002), votei nele no primeiro turno e deixei claro isso", disse Maggi a jornalistas.
Ele admitiu que causou confusão quando misturou apoio político com renegociação do setor agrícola ao falar para a imprensa na saída da reunião do Palácio do Planalto na semana passada, ao voltar a falar da liberação de R$ 1 bilhão para o setor, já acertada anteriormente.
"Saí do Palácio e disse que estava mantido compromisso feito lá atrás. Eu sou homem de ser comprado? Sou cidadão, estou me matando para fazer um Mato Grosso melhor", disse. Maggi ressaltou que trabalhará para "reconstruir canais de diálogo do setor agrícola" com o presidente-candidato.
PPS E ALCKMIN
O governador afirmou sua pretensão de continuar filiado ao PPS, mas que tal definição é coordenada pelo presidente estadual da agremiação, deputado estadual eleito Percival Muniz.
Ele disse ter ligado em algumas ocasiões, antes do primeiro turno, ao presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (PE), mas sem conseguir conversar com o dirigente. Depois, disse, "não quis mais conversar pela imprensa". Uma das origens da tensão do governador com o seu partido foi o fato de o PPS apoiar em chapa nacional o PSDB, adversário local de Maggi.
Ele lembrou a negociação sobre o endividamento do setor agrícola, liderada pelo governo de Mato Grosso desde maio passado. "O interesse do meu Estado é o agronegócio. Se não tiver agronegócio, não tem dinheiro para pagar conta."
Outra definição de Maggi para endossar a candidatura Lula no segundo turno é a postura mais amena do PT mato-grossense ao seu governo e políticas aplicadas na sua administração.
"O PT não teve crítica no nível que o PSDB fez. Nem Lula veio aqui e gravou apoio à senadora Serys Marly", disse, referindo-se à senadora petista Serys Slhessarenko, que disputou o governo estadual.
Maggi reforçou ainda que um acordo político dele e do presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, teria sido rompido pelo fato deste não conseguir impedir uma candidatura "de um cidadão combativo e raivoso" como o senador Antero Paes de Barros (PSDB) ao governo estadual, o qual derrotou dia 1º de outubro.
"O cara que está aqui me atirando hoje, vou ficar com ele? Tem que ter hombridade", justificou o governador. "Pedi várias vezes ao Alckmin para tentar não ter candidatura do PSDB aqui... A força do PSDB local foi mais forte que a vontade própria dele e temos que respeitar a posição do partido", disse.
Maggi disse que vive um dilema e não tem culpa de ser governador e produtor de soja e vice-versa, pois "apanha dos agricultores" porque apóia Lula e também dos políticos pelo mesmo motivo. O governador negou que seja o maior plantador individual de soja do Brasil e que o título cabe agora ao seu primo, Eraí Maggi.