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Apreensão com crise da Chapecó


As demissões nas fábricas da Chapecó Alimentos, previstas para começar nesta semana, causam apreensão na Região Sul, onde a companhia possui seus quatro frigoríficos e emprega 4,6 mil funcionários. O anúncio dos desligamentos foi feito na semana passada, mas hoje à tarde a empresa realizará, em Chapecó, reunião onde poderá informar qual será o número de demitidos e como pretende pagar as indenizações, que devem ser parceladas.

A companhia, cuja crise se agravou nos últimos meses, prometeu que os trabalhadores serão recontratados pelo futuro controlador da empresa. Mas os sindicatos avisam que querem o compromisso por escrito e assinado também pela Coinbra, empresa do grupo francês Louis Dreyfus, que avalia a compra do frigorífico.

O diretor da Chapecó, Celso Schmitz, teria dito na semana passada que todos os funcionários da empresa seriam desligados, para depois serem incorporados ao quadro da Coinbra. Isso faria parte do acerto para viabilizar o negócio com o grupo francês. Schmitz não deu retorno às ligações deste jornal para confirmar as declarações a ele atribuídas.

Em Xaxim, no oeste catarinense, a companhia tem seu maior quadro de funcionários, com 1,9 mil empregos diretos. O frigorífico de aves está parado e o clima na cidade é de preocupação, já que trata-se da maior empregadora do município, que tem 24 mil habitantes. "A empresa é o pulmão da cidade; além dos empregos diretos, há os avicultores e suinocultores integrados e uma série de prestadores de serviços, como os de transporte, por exemplo", diz o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Xaxim, João Santos. Ele usa até frase de efeito para definir a situação: "Paira uma nuvem negra sobre a cidade."

Santos conta que o número de consultas ao SPC para vendas a prazo no dia das mães foi 9% inferior ao do ano passado. "Tenho uma loja com 31 funcionários e estou antecipando férias porque as vendas já estão menores", afirma. "A crise não é de hoje e por isso já afeta os negócios; a inadimplência também já começa a subir."

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Xaxim, Pedro Kalinoski, afirma que as demissões provavelmente começarão na quarta ou quinta-feira. O sindicato dos trabalhadores em Chapecó, onde as operações estão praticamente paradas, evita divulgar informações sobre a eventual recontratação. "É um momento conturbado; as informações são divulgadas e depois não se confirmam", disse. "Por exemplo, foi prometido o pagamento do salário atrasado de abril, mas isso ainda não aconteceu", disse na sexta-feira o presidente do sindicato, Miguel Padilha.

Em Santa Rosa (RS), onde a Chapecó tem frigorífico de suínos e emprega 594 funcionários, o ritmo da fábrica está em marcha lenta. Os trabalhadores temem que, caso seja fechada a venda da empresa, o novo controlador reduza o quadro de pessoal. "Recebemos de 20 a 30 trabalhadores no sindicato todos os dias", afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos da cidade, Valdecir Hensing.

"Como a previsão é de que a Coinbra se volte para a exportação, deve desativar setores como os que fazem salga, presunto, salsicha e lingüiça, com cerca de 200 trabalhadores." Mas ele se diz otimista com a possibilidade de que as instalações voltem a operar temporariamente com produção para terceiros, nos moldes do que ocorre na unidade de Cascavel (PR).

A unidade paranaense, que emprega 535 funcionários, opera desde a semana passada produzindo para a Globoaves. Lá, a expectativa dos trabalhadores é de que aconteça número menor de demissões do que em Santa Catarina, mas que sejam desligados entre 25% e 30% do quadro, disse o presidente do sindicato dos trabalhadores, Waldevino Pereira.

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