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Área de transgênicos no Centro-Oeste se aproxima do Sul

O estado de Mato Grosso é o terceiro maior produtor de soja transgênica


A área plantada de soja transgênica no Centro-Oeste se aproximou da região Sul na safra 2006/07. Segundo estimativas da Céleres Consultoria, serão 10,31 milhões de hectares, dos quais 31 % no Centro-Oeste e 58,8% no Sul. O estado de Mato Grosso é o terceiro maior produtor de soja transgênica, com 14% do total do País.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Rui Prado, já existe no estado uma parcela de tradings que ou não compram ou têm limitações na aquisição de grãos geneticamente modificados (GM). "Por isso, orientamos o produtor a, antes de plantar, checar como está o mercado para o qual costuma negociar", pondera Prado.

Há duas safras já existe um mercado de prêmio para o grão convencional no estado. Em Sorriso, por exemplo, remunera-se com adicional de R$ 0,50 a R$ 1 a saca não-transgênica, o que equivale a cerca de 2% - a cotação está em torno de R$ 23 na região, segundo informações da consultoria AgRural. Segundo Fernando Muraro, diretor da consultoria, a expectativa é de que a soja convencional se torne cada vez mais um nicho de mercado. "O que vai ocorrer na medida em que for reduzindo a oferta do grão não-transgênico", completa Muraro.

Algumas grandes esmagadoras brasileiras ainda conseguem manter compras 100% de soja convencional. No entanto, já com perspectivas de mudar planos. É o caso da Caramuru Alimentos, que tem duas plantas processadoras de soja em Goiás, estado que detém 10,9% da área de soja GM do País, segundo a Céleres.

As duas unidades produziram juntas em 2006, cerca de 1 milhão de toneladas, utilizando 100% de matéria-prima convencional. "Estimamos que, atualmente, 80% das lavouras de soja goianas são transgênicas, percentual que deve crescer na próxima safra. Essa escassez de matéria-prima poderá onerar muito nosso custo", afirma César Borges de Sousa, vice-presidente do Conselho de Administração da Caramuru Alimentos.

Ele informou ainda que quase toda a produção de farelo da empresa é exportada para a União Européia, com bônus de US$ 12 por tonelada, o que significa um prêmio de 4% a 5% por ser não-transgênico.

Ainda irredutível, a processadora Olvebra, do Rio Grande do Sul, não vê perspectivas de utilização de soja transgênica. Há cerca de cinco anos, a empresa tem parceria com cooperativas locais de produção de grãos convencionais que atendem 70% de sua demanda e recebem prêmios de 8% a 10%. Além disso, a empresa precisar trazer 30% da matéria-prima de Mato Grosso e de Minas Gerais, uma vez que, com exceção dos parceiros, os demais produtores do Rio Grande do Sul cultivam transgênicos.

Segundo o diretor comercial da Olvebra, Marcelo Schaid, o mercado não paga adicional pelos seus produtos, mas ainda assim, a empresa continuará trabalhando com soja convencional. "Enquanto não houver uma posição segura da comunidade científica sobre o assunto, não vamos usar a soja transgênica", garante Schaid.

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