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Área de trigo deve ser maior no país

Busca de renda, alternativa ao milho para ração, preços de importação caros e alta qualidade são motivos


Foto: Marcel Oliveira

A safra de trigo de 2019 foi de 5,2 milhões de toneladas (queda de 3,9%), segundo a Conab. Ainda segundo o órgão para suprir a demanda interna em fevereiro/2020, o Brasil importou 526,1 mil toneladas de trigo. Desse total, 87,5% foram de origem argentina, 6,91% dos Estados Unidos, 4,73% de trigo proveniente do Paraguai e 0,76% de origem francesa. 

A safra 2020 foi tema de um webinar promovido pela Biotrigo. A empresa trabalha com melhoramento genético e novas cultivares do cereal em 72 áreas experimentais na América do Sul, sendo 50 destas no Brasil. Segundo o gerente comercial para a América Latina, Fernando Wagner, as questões cambiais têm impactado os moinhos. “Em 21 de fevereiro o dólar batia o recorde de R$ 4,40 mas em 25 de abril já era R$ 5,68.  
Para que a cadeia do trigo ande é necessário se colocar no lugar dos moinhos. Cada vez mais o moinho vai preferir trigo nacional desde que atenda às suas exigências de qualidade. Aí há mercado para avanço da produção”, destaca.
 
Wagner ainda explica que um moinho que fica no Rio Grande do Sul ou Paraná vai importar trigo a uma média de R$90 a saca. Em via fluvial para Paraná e Mato Grosso do Sul está chegando por R$86 “mas os moinhos ainda estão resistentes com esses preços e quem pode segurar, segura”, diz.  Em São Paulo compra-se muito trigo produzido dentro do estado. No nordeste, especialmente a Bahia, o trigo dos EUA chega a mais de R$1.700 a tonelada e por isso há incentivo para investir em plantio do cereal na região e no Cerrado onde há aptidão climática para a cultura.

Área de trigo deve crescer 

O Rio Grande do Sul deve ter aumento de área de 15 a 20%, podendo chegar a  900 mil hectares. A estiagem forte no último verão que trouxe perdas em milho e soja e o trigo entra como fonte de renda no inverno, sendo mais vantajoso economicamente, neste momento, do que uma cobertura ou pousio. “O preço do milho pode impactar rações e fazer com que a indústria busque o trigo como alternativa e também tem a resistência às ervas daninhas onde não há manejo no inverno e nisso o trigo é aliado para a próxima cultura”, ressalta Wagner.

Santa Catarina deve manter área, com no máximo 5% de alta. O preço do trigo é atraente mas o milho está em alta em um Estado que tem destaque em produção animal.

No Paraná o cenário previsto no começo deste ano era de de alta de 10 a 12 % mas com o preço do milho atrativo o produtor expandiu sua área deixando menos para o trigo. A alta projetada neste momento é de 5%. O avanço deve ocorrer no Oeste onde há mais frio e produtor de milho recuou, não semeando a safrinha fora da janela, em função de geadas”, completa. 

Já São Paulo e o Cerrado, em estados como Minas Gerais, Goiás e até na Bahia, têm se destacado em qualidade do trigo. A expectativa é de aumento de 10% na área. “Há uma busca grande pelo trigo porque colhem em tempos de escassez de moinho, na entressafra, beneficiando os preços”. 
 

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