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Argentina terá a menor área de algodão dos últimos 70 anos


Após alcançar quase 2,0 milhões de ha na safra 1995/96, o cultivo do algodão na Argentina vem declinando significativamente desde então. Para esta safra 2002/03 estão estimados cerca de 154.500 ha de algodão no país, 5% a menos do que na safra 2001/02, quando os argentinos cultivaram 173.100 ha e produziram 218 mil ton de algodão. A conjunção de baixos preços internacionais nos últimos anos, limitado volume de crédito rural, adversidades climáticas, a crise política/econômica no país e os altos custos de produção, proporcionaram baixa remuneração na cultura, tirando o entusiasmo dos produtores argentinos pelo algodão.

A principal região da cultura está localizada no norte do País, com as maiores áreas nas Províncias do Chaco e Santiago del Estero, responsáveis por quase 80% do cultivo no país. Nestas regiões, na medida em que o custo de produção do algodão foi aumentando em relação ao da soja, as áreas de cultivo da fibra foram sendo gradativamente substituídas pelo plantio da oleaginosa. Culturas como a soja (principalmente) e o girassol, estão avançando rapidamente sobre as áreas do algodão, milho e trigo na Argentina.

Cerca de 50% da área estimada neste ano na Argentina já estão semeadas. Praticamente no próximo ano, este país deixa de ser definitivamente exportadora importante no mercado internacional. Para o Brasil, o Paraguai continuará sendo o principal fornecedor de algodão, tendo ao seu lado os Estados Unidos. Informações de mercado indicam que a área plantada de algodão no Paraguai passará de 150 para 250 mil ha na safra 2002/03. O potencial exportador paraguaio também crescerá de cerca de 50 para 90 mil ton de pluma. Atualmente, mais de 50% da pluma importada pelo Brasil é originada do Paraguai.

A queda de produção na Argentina coloca o Brasil mais dependente de outras fontes exportadoras externas ao Mercosul, como os EUA. Neste ano de 2002, os Estados Unidos deverão exportar ao Brasil mais do que três vezes a quantidade vendida em 2001.

Este panorama vem deixando as indústrias nacionais bem mais susceptíveis ao mercado internacional. A tendência é de que o setor têxtil continue disputando e segurando o algodão produzido internamente, visto que já há inclusive um propício e antecipado mercado para as exportações do algodão em pluma na próxima safra 2002/03. Quem sabe se esta tendência não resultará, por exemplo, no retorno da presença do setor consumidor têxtil ao mercado futuro da BM&F/SP, atualmente inexistente?

De outro lado, deve-se levar ainda em consideração, o possível baixo crescimento econômico brasileiro em 2003, o que continua limitando o potencial de aumento da demanda industrial brasileira por algodão.

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