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Argentinos acusam o Brasil de praticar "dumping" no açúcar


O açúcar voltou a ser motivo de divergências entre representantes brasileiros e argentinos, reunidos ontem em Buenos Aires. Os vice-chanceleres Samuel Pinheiro Guimarães, do Brasil, e Martín Redrado, da Argentina, discordaram diante da imprensa sobre o suposto subsídio que o Proálcool significaria à produção brasileira, argumento do governo argentino para manter as barreiras impostas ao açúcar.

"O programa é uma condição excepcional em favor dos produto brasileiro, algo com o que nossos produtores não contam", questionou Redrado em entrevista no Ministério das Relações Exteriores, embora tenha preferido não falar explicitamente em subsídio. Guimarães respondeu que do ponto de vista do Brasil o Proálcool não representa subsídio. Ambos concordaram, porém, que uma das maneiras de reequilibrar os patamares de custos e benefícios dos dois países seria a implantação de programa similar do lado argentino. "É uma das possibilidades em análise, disse Redrado

Apesar do impasse, Guimarães negou que o governo brasileiro pretenda adotar represálias como a aventada taxação a todo produto argentino com adição de açúcar. "Não chegaríamos a lugar nenhum adotando medidas como estas." Mas foi evasivo ao responder sobre se o País pretende reclamar contra a Argentina na Organização Mundial de Comércio (OMC), como fez e venceu, no caso do frango. "Hoje não", limitou-se a dizer, rindo.

O açúcar é o único produto que desde a fundação do Mercosul, em 1991, nunca beneficiou-se, ainda que parcialmente, da isenção de tarifas entre os duas principais economias sócias do bloco. Além das restrições feitas ao Proálcool, o governo argentino alega temer que uma abertura indiscriminada aniquile as economias regionais das províncias de Tucumán, Salta e Jujuy, fundamentadas na produção açucareira.

Semanas atrás, o ministro brasileiro da Agricultura, Roberto Rodrigues, admitiu que o Brasil poderia reclamar na OMC. Em resposta, os produtores argentinos publicaram semana passada anúncio nos principais jornais do país denominando "dumping" (venda abaixo de custo de produção) as vantagens recebidas pelos produtores brasileiros.

Equilíbrio monetário

Os dois vice-chanceleres discutiram também a implementação do recém-fundado "instituto monetário", grupo de análise para a convergência entre as moedas e sistemas cambiais da região, em direção à unificação monetária futura. Recentemente, o ministro da Economia, Roberto Lavagna, defendeu a criação de uma banda conjunta de flutuação, para assegurar o equilíbrio relativo entre o peso e o real.

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