Arroz: Mercado gaúcho mantém-se aquecido e puxa alta no resto do País
Preços avançaram 4,2% em dezembro
Entrando no pico da entressafra de arroz, o Rio Grande do Sul registra baixo interesse dos produtores em ofertar o que ainda está em seu poder. Nesta época, basicamente resta arroz estocado nos armazéns dos produtores mais capitalizados, boa parte deles com armazenagem própria, que têm o poder de decidir o momento de vender. A indústria, para se abastecer, teve duas soluções nas últimas semanas: ofertar preços maiores ou participar dos leilões da Conab.
Na última quarta-feira mais dois leilões foram realizados, com comercialização de 94,8% da oferta total. Segundo o consultor Carlos Cogo, o pregão referente ao Aviso 235 ofertou 6.847 toneladas do cereal, enquanto o Aviso 236 ofertou 63.245 t. No total, foram colocadas à venda 70.092 toneladas de grão. Foram comercializadas 66,5 mil toneladas, equivalente a 94,8% da oferta. Houve disputa e os lotes foram negociados com ágio sobre o preço de abertura. “Um lote de 2 mil toneladas de Rosário do Sul (RS) foi negociado com ágio de 19,9%, a R$ 36,50 por saco de 50 Kg. O maior valor desembolsado foi de R$ 39,40 por saco de 50 Kg por um lote de 2.455 toneladas posto em Palmares do Sul (RS)”, revela Cogo.
Os estoques foram negociados ao preço médio de R$ 34,71 por saco de 50kg. No acumulado da safra 2012/13, a Conab ofertou 221.154 toneladas dos estoques públicos, das quais 186.595 t foram arrematadas, o equivalente a 84,4%. Mas, nem assim os preços caíram. Em princípio a Conab não deve promover novo leilão de oferta até o início da colheita, em fevereiro, mas já sinalizou que isso dependerá da trajetória dos preços. Uma alta mais significativa provocará nova oferta. O menor interesse de venda dos produtores, o dólar valorizado (gerando um câmbio favorável) e as exportações são a principal razão deste cenário. Outros fatores como atraso no plantio em algumas regiões e alguns problemas pontuais, também estão colaborando para esta conjuntura.
Na última semana, os especialistas começaram a relatar casos preocupantes e precoces do surgimento de brusone e outras doenças fúngicas e manchas foliares. O clima úmido e seco, especialmente na Depressão Central e algumas áreas da Fronteira Oeste favorece ao surgimento destes problemas. A Emater/RS já deu a lavoura gaúcha por integralmente cultivada, enquanto o Irga ainda indica um pequeno percentual de áreas ainda sob operação de semeadura. Os preços do Sul refletiram em outra regiões, com altas em cotações do Tocantins, Santa Catarina, Goiás, e em São Paulo. O Mato Grosso praticamente manteve as cotações estáveis esta semana.
MUNDO
A FAO divulgou relatório final de 2013, projetando que o comércio mundial de arroz em 2014 está estimado em 38,3 milhões de toneladas, 2% acima do esperado para 2013. Espera-se a volta da Tailândia com ofertas significativas, depois da fracassada política de preservação de estoques visando uma alta dos preços internacionais e valorização dos produtores daquele país. Amplos suprimentos também podem permitir que o Brasil, China, Egito, Guiana e Paraguai antecipem e ampliem suas vendas, de acordo com a oportunidade cambial.
A pressão exportadora da Tailândia poderá afetar negativamente as vendas da maioria dos exportadores, especialmente a Índia, que pode, no entanto, manter a sua posição dominante no mercado global de arroz. Os embarques da Argentina, Paquistão, Uruguai e os Estados Unidos também devem cair.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS), indica preços médios de R$ 36,50 no mercado livre gaúcho para o arroz em casca, em sacas de 50kg (58x10), à vista. Já para a saca de 60 quilos do produto beneficiado (branco), a referência no Estado é de 71,50, com aquecimento na última semana. O quebrados apontam valorização também, caso do canjicão (60kg) em R$ 39,00 e a quirera (também 60kg/FOB) em R$ 37,00. A tonelada do farelo de arroz (FOB Arroio do Meio – RS) está cotada a R$ 390,00, com aumento de R$ 10,00 sobre a semana anterior.