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Arroz foca em tecnologia para superar safras menores

Abertura Oficial da Colheita do Arroz deve focar em soluções para baixar os altos custos de produção


Foto: Marcel Oliveira

Dificuldades na comercialização, busca de novos mercados, altos custos de produção como energia elétrica, arrendamento e mão-de-obra, falta de diversificação de cultura, burocracia no acesso ao crédito. Esses são alguns dos fatores que levam a uma redução na produção de arroz nas últimas safras. De acordo com a Conab a safra 2017/2018 teve uma redução de 5,5% na produção nacional, com 225,6 milhões de toneladas.

No Rio Grande do Sul, que reponde por 70% da produção do cereal no país, as colheitas vem sendo menores a cada ano mas o motivo principal é a redução da área plantada. Na safra 2017/2018 a área foi de 1,034 milhões de hectares. Na safra 2018/2019 foram cerca de 1 milhão de hectares e nesta a projeção é de 940 mil hectares. A produção deve girar em torno de 7,1 milhões de toneladas também influenciada pelo clima. No começo do plantio o excesso de chuva gerou atrasos e também houve impacto com a estiagem do começo deste ano.

Soja já é realidade

A área de soja avança sobre a lavoura arrozeira. Na Metade Sul gaúcha já são 330 mil hectares com a oleaginosa. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) aponta que a soja e o arroz podem caminhar juntos para baratear os custos da lavouras em até 15%, com aproveitamento de nutrientes e facilidade no preparo de solo. Por se tratarem de culturas diferentes ainda atuam no combate às pragas e doenças e na fertilidade do solo. “Queremos estabilizar a soja para que ande sozinha sem depender do arroz e que também seja sustentável. A soja pode complementar a renda da orizicultura e motivar o produtor com custos menores de implantação da lavoura”, destaca André Matos, coordenador do Irga Zona Sul. Outro desafio discutido pelas entidades é a necessidade de aumentar o potencial produtivo da soja. Hoje a média na região Sul gira em torno de 40 sacas por hectares, o que acaba não compensando o custo para o avanço de área.

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, deixa claro que a intenção não é substituir o arroz pela soja. A ideia é rentabilizar as duas culturas para diminuir o impacto do custo. “Buscaremos soluções para isso junto à instituições de pesquisa. Precisamos focar em conhecer o que a soja pode oferecer para nosso orizicultor em renda e produtividade, mantendo a nossa marca de uma lavoura sustentável”, completa. 

Pesquisa, tecnologia e alternativas

Diante do desafio de buscar competividade e alcançar novos mercados foi projetada a 30ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz. O evento acontece de 12 a 14 de fevereiro, na Estação Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS), e terá muitas novidades para os 7 mil visitantes que devem passar pelo local.

A irrigação por pivô central é uma delas. O equipamento gigante já ocupa uma das lavouras de demonstração e técnicos vão mostrar na prática como a tecnologia pode ser usada na orizicultura e na sojicultura. Atualmente a área irrigada por pivô no Rio Grande do Sul é baixa; apenas 10 mil hectares. Outra atração é uma área que mostrará os benefícios da Integração Lavoura Pecuária (ILP) para a atividade. Com foco em melhoramento genético de grão e potencial produtivo também devem ser apresentadas novas cultivares de arroz. Só a Embrapa vai lançar cinco. Os materiais vem para auxiliar no manejo e problemas de acamamento, além de um aplicativo para controlar os estágios de desenvolvimento da planta e a presença de pesquisadores do Uruguai e Estados Unidos. “Desenvolvemos as tecnologias e contamos com as entidades para transferir esse conhecimento para o setor produtivo”, diz Roberto Pedroso, chefe geral da Embrapa Clima Temperado. 

O número de expositores superou a expectativa. Serão 70 empresas que vão oferecer 34 vitrines tecnológicas. “A abertura da colheita também é momento de troca de conhecimento e motivação para nosso produtor. A programação foi pensada para abranger desde a sustentabilidade e cuidados com a semente até o encontro de autoridades que vão receber nossas demandas”, finaliza Velho. 

Confira as novidades na reportagem em vídeo:

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