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Arroz irrigado com pivô avança no Sul

A nova tecnologia reduz em 60% os gastos com água e permite o cultivo de mais de uma safra em um mesmo hectare


Depois de migrarem para o Centro-Oeste, atrás da fronteira agrícola, agora os gaúchos buscam naquela região a solução para os problemas de falta de água que têm afetado o Sul. Com isso, "importaram" de Mato Grosso e arredores a tecnologia empregada para o cultivo do arroz. Em quatro propriedades de Uruguaiana (RS), arrozeiros estão plantando com sistemas de pivô, e não mais inundando o campo.

A nova tecnologia reduz em 60% os gastos com água e permite o cultivo de mais de uma safra em um mesmo hectare. Com isso, os arrozeiros acreditam que vão reduzir em até 25% o custo de produção.

Secularmente, o cultivo de arroz no Sul do País é feito com a inundação da área, por meio de bombas que sugam a água de barragens e a distribuem por canais. A área que em um ano está alagada, no outro precisa ficar em descanso, geralmente utilizada com pastagem.

Agora, os produtores estão instalando pivôs em suas lavouras e, com isso, podem deixar de ser apenas arrozeiros e, eventualmente, pecuaristas. Passam também a ser sojicultores, triticultores e produtores de milho ou outras culturas adaptadas ao oeste do estado.

Segundo Algenor da Silva Gomes, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o déficit hídrico é um dos principais problemas do oeste do estado, que responde por 30% da produção de arroz no Rio Grande do Sul.

A Embrapa está acompanhando as lavouras para verificar que variedades podem ser cultivadas com o novo sistema. Mas a empresa também pretende pesquisar novas cultivares. Para isso, está negociando a instalação de um pivô em áreas de pesquisa. Os testes iniciais estão apontando para a cultivar Taim como a mais apropriada para o sistema, com produtividade semelhante ao cultivo inundado. A média no estado é de 6 toneladas por hectare.

Outra alternativa apontada pela Embrapa para fugir do déficit hídrico é a cultivar Atalanta, cujo ciclo de plantio é de 100 dias, menor que as demais, que chegam a 135 dias.

Gomes aponta também como vantagem do uso do pivô o plantio de outra cultura. Foi pensando nisso, e também na redução dos custos e da erosão no solo, que Werner Arns, de Uruguaiana, instalou o primeiro pivô na safra passada. A irrigação começou em 80 hectares e já se expandiu para 280 hectares, de um total de 1,6 mil hectares de sua propriedade.

"Com o pivô, o retorno econômico é maior, pois consigo mais de uma safra", diz. Neste ano, Arns pretende plantar trigo onde havia arroz e, no verão, um das áreas será destinada à soja. Ele tem planos de, futuramente, implantar pivôs em toda a propriedade. Mas, para isso, primeiro vai terminar de pagar o financiamento dos três já adquiridos.

O produtor diz que outra vantagem é a maior mecanização da lavoura e o uso do plantio direto, pois hoje, o terreno é todo irregular devido aos canais de irrigação. Ele também acredita que possa economizar com fertilizantes e pesticidas, uma vez que o solo cultivado no sistema de inundação fica menos protegido e mais suscetível à proliferação de pragas.

Arns disse que a ampliação da área de pivôs depende do desenvolvimento de variedades adaptadas não só à irrigação, mas à forma de plantio e ao uso de fertilizantes e pesticidas nas plantações.

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