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Austrália supera França em vinho


Quando o australiano Stephen Millar tornou-se o principal executivo da maior empresa de vinhos do mundo neste mês, ele não se transferiu para a sede da controladora Constellation Brands Inc., em Fairport, Nova York. Permaneceu do outro lado do mundo, nas aforas de Adelaide, Austrália, em uma propriedade rural de 160 anos.

Nem Millar, 59 anos, nem o homem que o indicou, Richard Sands, 52 anos, principal executivo da controladora, vêem nada de incomum nisso. Afinal, Adelaide está no coração da região produtora de vinhos que mais cresce no mundo: as empresas australianas conquistaram mais de 10% do mercado internacional de vinho, de US$ 13,8 bilhões, de acordo com o Rabobank International, instituição de crédito holandesa especializada no setor agrícola.

Desde 1986, o valor das exportações australianas de vinho cresceu, em média, 33% por ano, chegando a US$ 1,48 bilhão no ano encerrado em março, segundo a Australian Wine and Brandy Corp., um órgão regulador do governo. O país superou a França e tornou-se o maior exportador de vinho para o Reino Unido no ano passado.

Nos Estados Unidos, a Austrália é o segundo maior fornecedor de importações, atrás da Itália. O volume de suas vendas no país cresceu 67% no ano passado, segundo o Salomon Smith Barney, agora chamado de Citigroup Global Markets Inc. As vendas de vinho californiano, que detém 70% do mercado dos EUA, subiram 3%.

"O crescimento das vendas de vinho australiano nos Estados Unidos é impressionante", diz Jon Fredrikson, principal executivo da consultora Gomberg, Fredrikson & Associates, de Woodside, Califórnia. "Os australianos mostraram aos franceses como fazer, no que se refere a marketing."

Crescimento australiano

Millar está na vanguarda do crescimento australiano. Até abril passado, era diretor administrativo da BRL Hardy Ltd., que ele transformou de uma produtora de vinhos em garrafão, com vendas de US$ 30 milhões em 1991, na terceira maior empresa vinícola da Austrália, com receita anual de US$ 538 milhões. Em janeiro, ele e os acionistas da BRL Hardy acertaram a venda da empresa para a Constellation Brands por US$ 1,4 bilhão.

O acordo, fechado no início de abril, torna a empresa combinada - com vendas conjuntas de US$ 1,7 bilhão - maior do que a californiana E&J Gallo Winery, antiga líder no mercado mundial, informa o analista Gregory Badishkanian, do Smith Barney, em Nova York. A venda também resultou na promoção de Millar a principal executivo da divisão global de vinhos da Constellation, disse Sands, como reconhecimento por seu trabalho na BRL Hardy. Agora, Millar diz que pretende repetir seu desempenho na BRL Hardy, em maior escala.

Ao contrário do mercado de refrigerantes, no qual três empresas - Cadbury Schweppes Plc, Coca-Cola Co. e PepsiCo Inc. - controlam 80% do mercado, o setor de vinhos é altamente fragmentado.

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