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Autoridade da OMC vê crise em negociação sobre comércio agrícola


As negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) para fortalecer o livre-comércio estão se encaminhando para uma crise, uma vez que o cumprimento do prazo final para se chegar a um acordo sobre os subsídios agrícolas dificilmente será cumprido, segundo uma importante autoridade da OMC. "Eu não vejo como em duas semanas iremos resolver o problema sobre a agricultura. Acredito que o prazo não será cumprido", disse a repórteres Carlos Perez del Castillo, presidente do Conselho-Geral da OMC.

A Rodada de Doha para negociações sobre o livre-comércio, lançada pelos ministros do Comércio na capital do Catar em novembro de 2001 para recuperar a economia mundial, já estourou a data-limite em duas importantes pautas. Perder outro prazo sobre agricultura seria um golpe duro, afirmaram autoridades.

Acordos para reformular o comércio agrícola mundial e cortar subsídios de Estados ricos e ajudar países em desenvolvimento a competir no mercado internacional são cruciais para o sucesso da rodada, que tem uma agenda ambiciosa de reduzir as barreiras comerciais de setores tão diferentes como o industrial e o financeiro.

As conversações para o livre-comércio devem ser concluídas até o fim de 2004, mas ministros se reunirão mais uma vez, em setembro, em Cancun, no México. "Nós teremos uma crise em algum momento antes de Cancun", disse Perez del Castillo, que é embaixador do Uruguai na OMC. "Será bem difícil de evitar (uma crise)."

Perez del Castillo espera que o chefe para área agrícola da OMC, Stuart Harbinson, faça uma nova proposta sobre a reforma agrícola até o fim de março, mas não crê que receberá apoio dos 145 membros da organização até o fim do mês. Um esboço proposto por Harbinson apresentado no mês passado foi recebido com muitas críticas de todos os lados.

"Ainda não nos empenhamos nas negociações agrícolas. Não estamos conversando uns com os outros e todos estão fincando o pé em suas posições", disse Perez del Castillo. Exportadores como Estados Unidos e o Grupo Cairns --composto por 18 países, entre eles Brasil, Austrália e Uruguai-- dizem que a União Européia (UE) é o principal bloco impedindo as reformas. A UE gasta bilhões de dólares por ano para proteger seus agricultores.

Na Rodada de Doha a tentativa foi oferecer aos 15 países do bloco a chance de negociar concessões por parte dos países em desenvolvimento em áreas como serviços para compensar as concessões que teriam que fazer no setor agrícola, disse ele. Segundo o diplomata, um ponto importante a ser discutido será a proposta de abrir mão de leis de patentes para permitir que países mais pobres possam importar remédios baratos para combater doenças fatais como Aids, malária e tuberculose.

Apesar do diretor-geral da OMC Supachai Panitchpakdi ter dito em Berlim, na quinta-feira, que está confiante de que a instituição chegará a um acordo, Perez afirmou que não vê sinais de progresso.

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