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Aviação agrícola cresce 5% ao ano

Segundo maior mercado no segmento do mundo, o setor implica a necessidade de 50 novos aviões anualmente


Quase seis décadas depois do primeiro avião agrícola do Brasil alçar vôo em Pelotas, no Rio Grande do Sul, o setor da aviação agrícola brasileira representa o segundo maior mercado no segmento do mundo. Com 300 empresas especializadas e uma frota de cerca de 1,4 mil aeronaves, perde apenas para os Estados Unidos.

De acordo com o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Júlio Kämpf, o setor tem apresentado um crescimento de 5% ao ano, isso implica a necessidade de 50 novos aviões anualmente. No entanto, adverte Kämpf, o progresso do segmento depende de vários fatores. “Ele varia de acordo com a situação agrícola no País, que nos últimos tempos tem sofrido com a instabilidade econômica, além de outras diversas restrições. Como, por exemplo, o custo elevado dos insumos na última safra, o qual esperamos que se estabilize para a próxima”.

Foto: Assessoria de Imprensa do Sindag

Ao centro, Julio Kämpf durante o Congresso Nacional de Aviação Agrícola, realizado em junho, em Cuiabá/MT.

Sempre empenhado na busca de melhorias para o setor, neste segundo semestre o Sindag prevê intensificar as negociações com os órgãos reguladores, Anac (Agência Nacional de Aviação Agrícola) e Ministério da Agricultura, no que diz respeito às novas normas que estão sendo criadas para o setor. “O sindicato atua para que essas normatizações sejam adequadas e viáveis à realidade das empresas e profissionais da aviação agrícola. A intenção é corroborar com esses órgãos, trabalhando para auxiliá-los na regulamentação e na elaboração das leis que regem o segmento, especialmente nas questões do meio ambiente e segurança de vôo”, diz Kämpf.

Para os profissionais da área, o segmento melhorou, mas ainda tem muitas mudanças a serem conquistadas. Atuando na área da aviação desde 1972, João Orestes Daruy, de Cachoeira do Sul (RS), diz que o setor conta diretamente com o entusiasmo do agricultor e das perspectivas de safra. “Se o arroz e a soja estão em alta, a aviação vai junto, se entra em baixa, da mesma forma”, frisa.

Conforme o pesquisador do Núcleo de Aviação e Tecnologia Agrícola do Paraná e piloto, Jeferson Luis Rezende, a atividade está passando por um momento de reestruturação em função de novas tecnologias, que nem sempre é acompanhada pelos profissionais da área. Para ele, o setor precisa rever alguns conceitos técnicos e se integrar efetivamente com o agronegócio, que é o seu ganha pão. “As empresas aeroagrícolas precisam estar mais próximas dos clientes o ano todo, e não apenas durante a safra. Algumas já fazem isso. Os pilotos e a equipe de solo devem se reciclar o tempo todo, uma vez que nos dias de hoje a tecnologia no campo está em processo contínuo de mudanças e de incremento. Algo que entendo ser imprescindível para a atividade aeroagrícola, sem dúvida alguma, é a busca constante da qualidade nas suas operações. Isso é fundamental para qualquer atividade, e mais ainda para a aviação”.

Partilhando da idéia, o engenheiro agrônomo e piloto Arthur Spelling, de Angers, oeste da França, diz que o setor que esta cada vez mais moderno e o aumento da concorrência faz com que o serviço seja cada vez melhor. “Só aqueles que acompanharem o crescimento vão permanecer no mercado”, afirma.

De acordo com o piloto agrícola Christian Von Ammon, de Ribeirão preto (SP), o setor de aviação agrícola esta passando por um momento difícil, necessitando de que cada profissional valorize a atividade e se profissionalize cada vez mais, ressaltando a importância e relevância da aviação no cenário agrícola nacional. Ele afirma que de forma incontestável, a aviação agrícola é uma atividade diferenciada e que envolve um risco alto para o piloto agrícola e o proprietário da aeronave, mas em contrapartida oferece a oportunidade de um aumento considerável na produtividade por hectare do produtor rural. “Cabe ao piloto agrícola valorizar sua atividade para que ela cresça e desenvolva cada vez mais”, assegura.

A aposta no crescimento do setor é assinalada pelo piloto e empresário Gustavo Fabris Corrêa, de Bandeirantes (PR). “Se quisermos buscar produtividade, temos que agregar tecnologia cada vez melhor em nossas lavouras”, diz.

Em comemoração ao Dia Nacional da Aviação Agrícola, no dia 19 de agosto, o presidente do Sindag deixa o seu recado:

“Parabenizo a todos os profissionais do setor. Nós, como sindicato, esperamos que os envolvidos no processo, empresários, pilotos e técnicos, fiquem atentos às novas regulamentações e tenham uma preocupação constante com o aprimoramento dos serviços prestados, pensando sempre na preservação do meio ambiente. Temos a certeza de que, com o investimento em pesquisas para melhorar os métodos de aplicação, juntamente com a qualificação dos profissionais, atingiremos patamares mais elevados, podendo obter um crescimento que vá além do estimado. A aviação agrícola brasileira tem uma área muito grande para explorar. Vamos em busca dela!”.

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