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Bactérias do solo podem controlar podridão das raízes

Estudo observou ciclos sucessivos de trigo para ver quais bactérias eliminam a doença


Foto: Marcel Oliveira

Uma pesquisa avaliou como atua a comunidade de bactérias da rizosfera (região onde o solo e as raízes das plantas entram em contato) nos genótipos de trigo resistentes e suscetíveis ao fungo que causa a podridão das raízes (Bipolaris sorokiniana).

O estudo observou ciclos sucessivos de trigo para ver quais grupos bacterianos poderiam eliminar a doença. Foram avaliados 14 genótipos de trigo em monocultivo quanto à resistência ao patógeno. 

Os resultados mostraram que foi observada uma redução da severidade da doença em 53% nas plantas do genótipo Frontana (resistente) cultivadas em solo enriquecido com a rizosfera do genótipo Guamirim (suscetível), indicando uma possível indução de diminuição neste solo promovida pelo genótipo susceptível. 

Também foi observado o crescimento das famílias bacterianas associadas à proteção das plantas e diferentes funções metabólicas ao longo dos ciclos. As famílias Chitinophagacea e Rhodospirillaceae foram enriquecidas na rizosfera durante a indução da supressão da doença no solo. 

Conhecendo as interações entre microrganismos x plantas será possível estabelecer estratégias de gestão de comunidades microbianas que sejam supressoras de doenças por meio de seleção de plantas que recrutam e mantêm microbiomas benéficos. Além disso, será possível o gerenciamento e projeção do microbioma para elevar a produtividade das culturas, uso de marcadores moleculares das plantas no melhoramento genético e construção de novas funções por meio da manipulação da biologia sintética e o uso de probiótico para manipulação do microbioma e suas atividades de maneira preventiva. 

O trabalho é a tese de doutorado de Mírian Rabelo de Faria, da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp de Botucatu, orientada pelos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente Wagner Bettiol e Rodrigo Mendes. Também contou com a participação de Lilian Abreu Soares Costa, bolsista de pós-doutorado pela FAPESP.

A análise do microbioma da rizosfera de genótipos contrastantes de trigo revela que a estruturação da comunidade bacteriana é distinta entre as plantas resistentes e suscetíveis; a planta resistente responde em um primeiro momento de forma mais eficiente à infecção do patógeno. Mas com a evolução dos ciclos de cultivo, a resistência é perdida e o índice de severidade da doença aumenta.

De acordo com Mirian, as pesquisas com microbioma da rizosfera são extremamente importantes tendo em vista que os manejos das grandes culturas, principalmente, estão voltados para o manejo químico e esse tipo de manejo tem vários impactos ao ambiente, além das dificuldades no desenvolvimento de novas moléculas e por fim a pressão social para que ocorra a redução do uso destes produtos.“Hoje a busca por estratégias sustentáveis de manejo com o objetivo de minimizar os impactos dos produtos químicos usados no manejo de doenças são extremamente importantes.”, enfatiza. 

A tese de doutorado de Mírian Rabelo de Faria, da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, está disponível aqui
 
 

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