O advento do Plano Real, em 1994, provocou sobressaltos nas economias do pecuarista Túlio Merola. O preço do bezerro ficou muito próximo ao do boi gordo, despencando a rentabilidade do produto. Com isso, ele foi atrás de novas fontes de renda. Primeiro, tentou a pecuária leiteira e, depois, em 2000, resolveu apostar em uma atividade nova: a bananicultura.
Hoje, o cultivo de bananas é o que dá maior rentabilidade na Fazenda Rodeio, em Quirinópolis (GO). É lá também onde a banana alcança a maior produtividade do País: 100 toneladas por hectare. O índice é o dobro de Costa Rica, maior produtividade mundial, onde é de 42 ton/ha.
Merola usou parte da área de pastagem - 16 hectares - para cultivar 26 mil mudas de bananas. `Pesquisei no mercado e vi que a banana ia bem na região`, afirma Merola. Como a fruta é muito susceptível a doenças, o produtor procurou a Companhia de Promoção Agrícola (Campo) Biotecnologia Vegetal, em Paracatu (MG) em busca de mudas isentas de doenças. As mudas são fruto de pesquisas desde 1991. Hoje, das 10 milhões de mudas produzidas pela empresa, suficientes para 1,5 mil hectares de banana, um terço estão em terras do Cerrado e o restante, no Nordeste e Norte do País.
Os bons índices de produtividade fazem com que o produto de Merola seja comercializado a valores três vezes superiores ao custo de produção, chegando a R$ 0,24 o quilo. `Consigo um bom preço porque tenho fruto de qualidade e investi em marketing`, avalia Merola. As bananas do produtor têm marca: Duas Marias, em homenagem a suas filhas. Para Merola, as mudas da Campo, a água em abundância - o bananal é irrigado em sistema de microaspersão - , o manejo adequado da cultura e o clima do Cerrado (bem definido) é que têm proporcionado o bom desempenho.
Mercado garantido
Além disso, com a irrigação, ele consegue colher dois cachos por ano por família (três plantas). Toda a produção da fazenda (2 mil caixas por semana) é comercializada em São Paulo, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso, além de atacadistas da Argentina e Uruguai. Com os bons resultados, em 2003, Merola pretende dobrar a área cultivada.
A Campo possui 24 variedades de banana nanica ou prata isentas de doença. Sebastião Pedro da Silva Neto, diretor geral da empresa, explica a empresa busca as mudas com melhores características genéticas para verificar a presença ou não de doenças , limpá-las e cloná-las. A pesquisadora Maria da Graça Cavalcante diz que primeiro são feitos testes de presença de vírus e, em caso negativos, as mudas passam por um processo de desinfecção de fungos, nematóides ou bactérias. Posteriormente, são colocadas em estufas e monitoradas para não serem contaminadas, para depois chegarem ao mercado.
`No Brasil, as condições climáticas e a tecnologia são suficientes para dobrar a produtividade, sobretudo no Cerrado`, explica Silva Neto. Mas ele adverte que não adianta apenas ter uma muda imune, é preciso boa prática no cultivo. Cita ainda como vantagem deste produto, além da isenção do patógeno, a padronização da muda. Uma muda destas custa US$ 0,50. A empresa investe no custeio da pesquisa R$ 3 milhões por ano. Estão em testes de isenção de doenças, abacaxi, batata e alho.
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