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Bancos elevam recursos para o campo


O Ministério da Agricultura prevê alta de 39% no financiamento rural, para R$ 25,9 bilhões. Os recursos para a agricultura serão maiores em 2003. Além do Banco do Brasil (BB), principal agente financeiro do setor rural, as instituições privadas vão aumentar o volume de dinheiro aplicado no campo - inclusive com recursos próprios, ou seja, fora das chamadas exigibilidades -, para o próximo ano, estimuladas pelo bom desempenho do agronegócio.

Entende-se por exigibididades a obrigatoriedade que os bancos têm em destinar 25% de seus saldos de depósitos a vista para investimentos em crédito rural. A elevação dos recursos das chamadas exigibilidades é explicado pelo maior saldo nas contas correntes e em poupança, em detrimento dos fundos - após a chamada marcação a mercado, no final de maio, os ganhos destes fundos recuaram.

Primeiro banco privado do País, o Bradesco quer intensificar sua participação no agronegócio. Segundo Décio Tenerello, vice-presidente da instituição, o banco vai aumentar em 20% os recursos para a agricultura. Neste ano, foram liberados R$ 3,082 bilhões - dos quais cerca de R$ 600 milhões são de recursos próprios. O restante faz parte das exigibilidades dos depósitos a vista. "Trabalhamos em razão da demanda. O setor agrícola tem crescido no País, o que aumenta a procura por recursos", afirma o diretor.

O banco, segundo Tenerello, tem uma gerência voltada para o agribusiness. Com isso, há agências localizadas nas principais regiões agrícolas para atender os agricultores. Com forte participação no setor sucroalcooleiro, Tenerello diz boa parte dos recursos vai para este segmento. O executivo diz que o banco não tem mais nenhuma participação em agroindústrias e em usinas, como a que mantinha com a Cia. Energética Santa Elisa, usina de açúcar e álcool em Sertãozinho (SP).

O Unibanco também vai aumentar os recursos para a agricultura em 2003, segundo Angelo Vasconcellos, diretor de câmbio e crédito rural do banco. O banco tem em carteira este ano R$ 600 milhões para o agronegócio. "As perspectivas positivas da economia apontam para um aumento de recursos para o setor rural", diz.

Principal agente financeiro para a agricultura, o Banco do Brasil prevê aumento de 22%, de R$ 10,65 bilhões para R$ 13 bilhões, de acordo com Biramar Nunes, diretor de agronegócio do banco. Além dos R$ 13 bilhões, outros R$ 2,5 bilhões serão colocados à disposição das agroindústrias. Segundo Nunes, um número maior de agricultores tem financiado a safra. "O valor do financiamento também tem crescido, o que não significa que eles estejam descapitalizados e sim que os produtores estão investindo mais nas lavouras", afirma o executivo.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, os recursos para a safra 2002/03 subirão 39%, para R$ 25,9 bilhões, em relação aos R$ 18,6 bilhões destinados para o setor na safra anterior. Deste total, R$ 15,3 bilhões serão destinados a custeio, aumento de 39%; para investimentos serão aplicados R$ 6,3 bilhões, ou 53% a mais em comparação com o período anterior; e R$ 4,3 bilhões para comercialização, ou 22% de aumento, segundo informa Edilson Guimarães, diretor de economia agrícola da secretaria de política agrícola do Ministério.

Os produtores não têm reclamado de crédito nos últimos anos. Segundo Adilton Sachet, produtor de soja e algodão de Mato Grosso, nos últimos dois anos o Banco do Brasil reduziu muito a burocracia para a liberação de recursos. Conforme Nelson Costa, gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), o aumento do volume de recursos para a agricultura é muito benéfico. "O importante é que um maior número de agricultores têm tido acesso ao crédito rural oficial."

O consultor Fernando Lobo Pimentel, da AgroSecurity, alerta no entanto que as dificuldades atuais de crédito poderão provocar aumento das taxas de juros dos recursos que os bancos vão destinar ao setor fora do crédito rural oficial, que têm juros de 8,75%. "Os recursos livres para os produtores, com taxas mais elevadas, vão aumentar." Além disso, Pimentel diz que o limite de crédito - para a soja é de R$ 200 mil - faz com que os produtores não possam aumentar o financiamento com taxas menores. A elevação do dólar provocou aumento dos custos o que significará que o produtor financiará um volume menor.

Guimarães rebate informando que o objetivo da limitação de crédito é justamente aumentar o volume de produtores atendidos por verba com taxas mais baixas.

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