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Basf entra na corrida em busca da cana transgênica

A empresa negocia acordo com institutos de pesquisa para desenvolver no país variedades geneticamente modificadas de cana


Seguindo o caminho traçado pela multinacional Monsanto, pioneira no desenvolvimento de transgênicos, a alemã Basf decidiu investir no desenvolvimento de variedades de cana transgênica. A empresa, que desde 1999 realiza no Brasil experimentos com uma variedade de cana resistente a herbicidas do grupo das imidazolinonas, negocia acordo com institutos de pesquisa para desenvolver no país variedades geneticamente modificadas de cana-de-açúcar.

"A BPS [Basf Plant Science] busca junto a institutos brasileiros genes que ofereçam tolerância a herbicidas, aumento de produtividade e resistência a estresse hídrico", afirma Ademar de Geroni Júnior, gerente de cultivos de cana da Basf. Conforme o executivo, a empresa já desenvolve pesquisas com herbicidas em parceria com institutos de pesquisa brasileiros, como o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a CanaVialis (da Votorantim Novos Negócios). Segundo apurou o Valor, as negociações já estão em estágio avançado e devem ser concluídas neste mês.

Tadeu Andrade, diretor do CTC, de Piracicaba (SP), afirma que o instituto vem sendo assediado por várias companhias multinacionais voltadas à biotecnologia. Todas interessadas em fazer parcerias em cana-de-açúcar, de olho no mercado de biocombustíveis.

"Estamos conversando com várias empresas", diz Andrade. E uma delas é a Basf. "Essas multinacionais têm tecnologia avançada na área de grãos, sobretudo soja e milho, e podem agregar em cana", afirma, mas despista sobre qualquer fechamento de acordo.

Detentor de genes da cana por conta dos trabalhos desenvolvidos no seqüenciamento genético da matéria-prima, o CTC é alvo de disputa entre as multinacionais interessadas em entrar neste mercado. No final deste mês, o CTC vai lançar seis novas variedades de cana-de-açúcar convencionais. O anúncio está todo sendo cercado de cuidados para não atiçar a concorrência. Essas novas variedades são mais produtivas e também oferecem resistência à seca, diz Andrade.

O atual período de estiagem compromete a produtividade da cana, em fase de desenvolvimento nas lavouras. Desde que se tornou independente da Copersucar, em 2005, o CTC lançou nove variedades. Na área de transgênicos, as pesquisas do CTC estão avançadas, mas ainda se limitam ao laboratório, uma vez que os testes em campo ainda não foram liberados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

De acordo a CTNBio, CTC, Allelyx, Basf e Bayer CropScience enviaram, entre 1999 e este ano, 73 pedidos de autorização para a realização de pesquisas com cana transgênica no país, tanto em laboratório como em lavouras.

A alemã Bayer CropScience também já realizou no Brasil estudos com cana resistente ao herbicida glufosinato de amônio, desenvolvidas pelo CTC. Conforme Gerhard Bohne, diretor executivo de marketing da Bayer, o grupo, por meio da divisão Material Science, inclui cana como prioridade para a área de pesquisa de novas cultivares. A alemã planeja investir 200 milhões de euros até 2015 no desenvolvimento de sementes e mudas em todo o mundo. "O foco está nas culturas destinadas à produção de biocombustíveis", observa Bohne. Na Europa, a Basf já investe em pesquisas com a canola - principal matéria-prima usada para produção de biodiesel naquela região.

No Brasil, a primeira multinacional a fazer acordo para desenvolver variedades de cana transgênica foi a Monsanto, que se associou à Allelyx, no fim de 2006. Juntas, as empresas desenvolvem variedades resistentes a pragas e à seca e tolerantes a herbicidas. Também buscam variedades com maior índice de sacarose, que possam gerar mais etanol por hectare.

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