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Batata-doce e mandioca são opções para a agroenergia

Estudos apresentados em Pelotas (RS) comprovam a viabilidade das culturas


“Antigamente se mandava o inimigo plantar batata; hoje, se manda o amigo”. Com esta divertida afirmação, o professor Márcio Antonio da Silveira, da Universidade Federal do Tocantins, deixou clara a importância da batata-doce no cenário da produção de biocombustíveis no Brasil e no mundo. Ao apresentar resultados de estudos de 10 anos, ele enfatizou a necessidade do país partir para a diversificação de culturas na agroenergia, bem como de cada região procurar a espécie que melhor se adapte. “O desafio da agroenergia é a integração do mercado de alimentos com o da energia, que culmine em agricultura de alimento, agricultura energética, focando a sustentabilidade ambiental”, destacou o professor.

Segundo ele, a batata-doce vai ao encontro desse desafio e integra a agricultura familiar. Dentre as vantagens da espécie, Silveira aponta plantio de fácil cultivo, ampla adaptação e tolerância à seca; usos múltiplos (alimentação humana, animal e bioenergia); ampla adaptação a solos de baixa a média fertilidade; aproveitamento das ramas como fonte de proteínas; ciclo curto de produção; e alta variabilidade genética.

“Em novembro de 2006, lançamos 10 cultivares com excelentes rendimentos de litros de etanol por hectare, o que mostra o potencial da batata-doce”, revelou o professor Márcio. Ele lembrou que as cultivares podem gerar diferentes resultados, dependendo da região onde serão produzidas. Foi o que aconteceu com o Paraná, onde a Universidade levou duas cultivares. “Uma rendeu menos do que na região Amazônica e, a outra, teve uma produtividade maior”, observou.

Outro sucesso da Universidade Federal do Tocantins, apresentado pelo professor Márcio, é a mecanização do processo de plantio, capina e colheita da batata-doce. “Com equipamentos simples conseguimos maior agilidade no cultivo, o que reduz o custo da produção”, comemorou Silveira, ao lembrar a necessidade de melhoramentos, tanto genético das variabilidades como também do processo como um todo. “É importante que o Governo brasileiro crie políticas de extensão e incentivo, para que o pequeno produtor rural possa participar do caminho da agroenergia”, finalizou Márcio Antonio da Silveira.

A opinião sobre a necessidade das inovações tecnológicas produzirem impactos positivos na sustentabilidade econômica, social e ambiental é compartilhada pelo professor Cláudio Cabello, do Centro de Raízes e Amidos Tropicais, da Universidade Estadual de São Paulo (Cerat/Unesp). Ao focar os projetos no processo da mandioca, o professor destacou a necessidade das diversas produções atenderem às especificações dos padrões de qualidade do etanol.

Ao comparar a produtividade da mandioca com a do milho e da cana-de-açúcar, um trabalho da Cerat concluiu que, em termos de produção de etanol (m3/ha/ano), a cana alcançou 7.2, a mandioca 6.2 e o milho 2.7. “Temos potencialidades em diversas culturas, não apenas para a produção de biocombustíveis e alimentos, mas também na área de medicamentos, fármacos, cosméticos e bebidas”, finalizou o professor Cláudio Cabello.

As palestras Batata-doce: cadeia e uso para agrocombustíveis, do professor Márcio Antonio da Silveira, e Mandioca para a produção de etanol, do professor Cláudio Cabello, realizadas na manhã desta quinta-feira (12), integram a terceira edição do Simpósio Estadual de Agroenergia, que ocorre em paralelo à 3ª Reunião Técnica de Agroenergia, 10ª Reunião Técnica da Mandioca e 2ª Reunião Técnica da Batata-Doce, em Pelotas, uma realização da Afubra, Embrapa Clima Temperado, Emater/RS-Ascar e Fepagro. As informações são da assessoria de imprensa da Emater/RS-Ascar.

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