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Bem-estar animal entra na pauta de negociações

Consumidores estão mais preocupados com as etapas de produção


Os participantes da 18ª Conferência Regional da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para as Américas, que prossegue até sábado, em Florianópolis (SC), não estão só preocupados com enfermidades que afligem o comércio internacional de carnes. As discussões técnicas dessa quinta-feira (30-11) foram permeadas por uma questão que, segundo o diretor geral da OIE, Bernard Vallat, é cada vez mais evidente.

O bem-estar dos animais é aspecto relevante nas negociações, afirmou o chefe da organização. Ser considerado livre de febre aftosa ou da doença de Newcastle, por exemplo, já não satisfazem os consumidores mais exigentes, especialmente os europeus, que estariam interessados, também, em saber como se deu a criação dos animais, o abate e o transporte das carnes.

Este assunto, inclusive, permeará uma de duas recomendações que a conferência em curso na Capital deverá formular. Elas poderão ser levadas à assembléia geral da OIE, na França, em maio, e, se aprovadas, vão balizar a atuação de todos os membros da organização, que deverão adaptá-las às suas leis sanitárias. "O país que não adotar as normas poderá sofrer sanções dos seus importadores", adverte Vallat.

A outra recomendação, que será igualmente discutida e votada até o encerramento da conferência, no sábado pela manhã, diz respeito a um mecanismo compensatório para regiões cujos rebanhos sejam afetados por enfermidades. "O criador, muitas vezes, esconde do governo que o rebanho está contaminado, o que dificulta o combate e a prevenção", explicou o presidente da OIE.

Para que isso seja evitado, a organização estuda a criação de um fundo junto ao Banco Mundial. A idéia é que, com uma compensação financeira, haja mais transparência nos processos. Esse reembolso estaria diretamente ligado a medidas que regionalizariam as áreas consideradas livres de enfermidades, beneficiando países com grandes extensões territoriais, como o Brasil. O delegado brasileiro da OIE, Jamil Gomes de Souza, destacou, contudo, que tais ações não devem desestimular a prevenção.

Amanhã, os 160 conferencistas, vindos de todo o continente, discutem os últimos detalhes das duas propostas. Depois, seguem para passeios pela Ilha, para, no sábado pela manhã, apreciá-las em votação. Aprovadas, as recomendações vão à assembléia geral, em maio.

Esta é a primeira vez que a OIE faz conferência regional no Brasil. A escolha de SC como estado anfitrião, garantiu Souza, nada tem a ver com o pleito catarinense de se tornar área livre de aftosa sem vacinação. "Foi apenas uma recomendação do governo brasileiro, prontamente acatada pela organização. Se o Estado for considerado livre, isto será um grande avanço para todo o país", disse o delegado.

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