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Bicudo do algodoeiro: 6 dicas para controlar a praga do algodão

O alojamento do inseto acontece quando ele perfura os botões florais para se alimentar ou colocar seus ovos


O bicudo do algodoeiro é uma das principais pragas que atingem a lavoura de algodão. Trata-se de um pequeno besouro (Anthonomus grandis) de 5 a 9 milímetros de comprimento que perfura os botões florais para se alimentar ou colocar ovos, sendo que após o ataque não é possível recuperar as estruturais florais e maçãs do algodão afetadas pela praga. O bicudo-do-algodoeiro está presente em todo o território nacional e seu controle significa um alto custo na produção do algodão.

Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, o período mais crítico de ataque ocorre dos 60 aos 110 dias da emergência, quando se define cerca de 80% da produção. ”A umidade ideal para a sobrevivência das larvas durante o ciclo da cultura é próxima a 90% e a temperatura se situa entre 24ºC e 25ºC”, diz. Saiba como a praga se instala no algodoeiro e confira as dicas para garantir um controle eficaz do problema.

1- Sintomas do bicudo do algodoeiro

O alojamento do inseto acontece quando ele perfura os botões florais para se alimentar ou colocar seus ovos. ”No dia seguinte à perfuração, ocorre o completo afastamento das brácteas dos botões florais e o descoramento da parte inferior do conjunto formado pela base do botão e brácteas’’, conta Portocarrero.

Segundo o diretor, depois da eclosão, as larvas se alimentam dentro dos botões florais e provocam a queda anormal das estruturas, o impedimento de abertura dos botões e os danos nas fibras. Além disso, as brácteas ficam amarelas, caem após em média sete dias e ficam sujeitas à podridão.

2- Danos causados pelo bicudo

Portocarrero afirma que os danos causados pelo bicudo do algodoeiro nas estruturas florais são traumáticos e contribuem efetivamente para a abscisão dos frutos, o que impede a fertilização do algodoeiro. ”Os danos provocados pelo bicudo do algodoeiro podem variar de uma região para outra e ocorrem dos 50 aos 90 dias após a germinação, quando do aparecimento dos primeiros botões florais”, diz.

O diretor conta que com o ataque do bicudo, a lavoura do algodão perde a carga, apresenta grande desenvolvimento vegetativo e uma redução drástica da produtividade porque todas as partes da planta atacada pela praga são perdidas. ”Os botões florais são prejudicados e as maçãs caem precocemente, antes mesmo da maturação fisiológica, ou seja, não há formação de pluma”, afirma. Por isso, caso não se controle o número de insetos, o prejuízo pode ser de 75% a 100% da produção total de fibras.

3- Disseminação da praga

O bicudo possui uma extraordinária capacidade de reprodução. ”No ciclo normal da cultura, que dura de 150 a 170 dias, este inseto pode produzir de três a sete gerações, cada uma em torno de 12 a 17 dias, de acordo com as condições de umidade e temperatura”, diz Portocarrero.

Isto significa que, a cada 50 bicudos que entram em diapausa (processo de hibernação durante o inverno, sem que o inseto paralise totalmente as suas atividades), é esperada uma população de 500 mil adultos ao fim da próxima safra. ”As fêmeas colocam em média seis ovos por dia, preferencialmente nos botões florais, flores e frutos. Um total de 100 a 300 ovos durante sua vida”, diz o diretor. Por esse motivo, caso os restos de cultivo não sejam destruídos, o número de insetos sobreviventes para atacar a lavoura de algodão na safra seguinte pode no mínimo dobrar.

4- Monitoramento constante

Portocarrero indica um monitoramento constante nos talhões das lavouras para identificação precoce do bicudo do algodoeiro. ”Para o monitoramento do bicudo, os produtores devem coletar botões do terço superior de 100 plantas, ao acaso, numa área de até cinco hectares”, afirma.

No início do plantio, as amostragens devem ser feitas semanalmente. Já entre os 55 e 110 dias, quando a cultura está na plenitude da produção, são necessárias duas amostragens por semana. Segundo Portocarrero, o percurso deve ser em espiral na lavoura, iniciado pelas bordaduras, e o caminhamento deve ser ziguezague. ”O percurso em espiral, começando pelas bordaduras permite localizar o início da infestação e viabiliza as pulverizações localizadas”, diz.

5- Como é feito o controle?

O diretor afirma que é importante fazer a destruição adequada dos restos culturais para impedir rebrotas e a manutenção dos adultos na área de cultivo. Ele também recomenda o controle na entressafra com um tubo de papelão impregnado de substância atrativa e inseticida, que deve ser posicionado um metro acima do nível do solo.

A partir da detecção do inseto, o produtor precisa fazer a aplicação de inseticidas. ”Em áreas com histórico de grandes infestações da praga, o recomendado é a aplicação no momento em que as plantas começam a emitir o primeiro botão floral”, diz Portocarrero. Segundo ele, o controle químico só atinge a eficiência necessária se outras estratégias forem adotadas em conjunto. ”É importante fazer o controle químico e biológico, uma colheita cedo e rápida e a aplicação de produtos redutores de crescimento e desfolhantes”, diz.

O produtor deve ficar atento também porque o algodoeiro possui um ciclo perene, ou seja, continua vegetando após a frutificação. ”A manutenção das plantas no campo de cultivo permite que elas produzam novas floradas, hospedem o bicudo e mantenham o alto o índice populacional da praga na entressafra”, afirma Portocarrero.

6- Qual é a expectativa para o controle dessa praga?

Portocarrero diz que não é possível evitar o bicudo do algodoeiro porque a praga está presente em todas as regiões produtoras de algodão e é, entre as principais pragas do algodão, a de maior incidência e com maior potencial de dano. Dessa forma, o setor produtivo tem grande expectativa para sucesso nas pesquisas e no desenvolvimento de novas tecnologias que apresentem uma maior eficiência no controle e até mesmo levem a erradicação dessa praga no Brasil.

”Existem bons resultados de pesquisas, por exemplo, de alguns parasitoides muito importantes para o controle biológico do bicudo”, diz o diretor. Segundo ele, também está em andamento um projeto conjunto entre a Embrapa e os produtores, para o desenvolvimento de uma nova tecnologia de algodão geneticamente modificado resistente à praga.

* Beatriz Fleming é trainee, com supervisão de Darlene Santiago

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