Bio Brazil Fair traz novidades em produtos orgânicos
Pequenas empresas mostram originalidade em feira de orgânicos que acontece em São Paulo
Na feira Bio Brazil Fair, que teve início neste sábado (07-05) e se estenderá até esta terça-feira, no Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera, em São Paulo, o Sebrae estará apoiando 38 empresas que desenvolvem e comercializam produtos orgânicos e fitoterápicos, saudáveis tanto para o consumidor quanto para o meio ambiente.
Garantir a sustentabilidade ambiental é um dos oito macro-objetivos a ser atingidos pelos países membros da ONU até 2015. O Brasil foi um dos que assinaram o pacto. Segundo a Declaração, o objetivo é integrar os princípios do desenvolvimento sustentável às políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais. E também reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável a água potável segura.
Não só as grandes empresas têm obrigação de ajudar na preservação ambiental. Os pequenos negócios, que no Brasil representam 99,4% das empresas formais, também podem contribuir para o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental.
Entre os Estados participantes estão a Bahia, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. Serão mais de 300 metros quadrados em que os produtores de pequeno porte poderão comercializar e apresentar seus produtos aos mais de 15 mil visitantes que são esperados pelos organizadores.
De São Paulo, a empresa Agroexotic Comércio Exterior Ltda., que existe há mais de 10 anos, apresentará na feira o óleo de nim (neen) um poderoso repelente de insetos. Originário da Índia, o óleo de nim é um aliado do agricultor no controle efetivo de insetos e pragas e o coloca em posição de destaque como uma nova categoria de produtos ecologicamente corretos para a utilização na agricultura do próximo milênio.
Importado da Índia pela empresa, o óleo de nim também pode ser usado dentro de residências particulares. A Agroexotic irá comercializar durante a feira embalagens entre 100 ml e 1 litro. "O óleo vem concentrado e é preciso dissolve-lo em água. Um litro de água para cada 0,3 ml de óleo", diz Michele de Almeida Aguiar, responsável pela participação da empresa na feira. Na Bio Brazil Fair, uma embalagem de 100 ml custará R$ 5,00.
O nim é uma árvore. Os indianos aproveitam a casca para combater febre, reumatismo, dores, lombares etc. O óleo é usado também no tratamento de tétano, urticária, eczema, escrófula, erisipelas, e nos estágios iniciais da lepra. O suco de folhas do nim é usado para expelir lombrigas, curar icterícia, e doenças da pele. Os pequenos galhos da árvore do nim são usados em muitas comunidades também como escovas de dentes descartáveis.
Cachaça orgânica:
Outro produto de São Paulo será a cachaça orgânica Gabriela. Produzida pelo Laticínio Puro da Fazenda, a cachaça não tem nenhum elemento químico. A cana é plantada na fazenda da empresa. A fermentação é natural, com uso de milho orgânico. No ano passado, a empresa produziu cerca de 40 mil litros. Este ano, segundo a proprietária Rosy Martino Benedino, a empresa pretende produzir mais. "Iremos colher a cana entre julho e agosto".
Suco de trigo orgânico:
Três empresas mineiras estarão presentes na Bio Brazil Fair. O laticínio Leite da Vaquinha, a produtora de suco de trigo Clorophila e o café Gerana apresentarão sua produção na feira internacional. Para o proprietário do laticínio Leite da Vaquinha, Joselito Batista, o evento é uma oportunidade de estar próximo do público de interesse, que é bem restrito. "Nosso maior objetivo é divulgar o produto", afirma.
A Leite da Vaquinha, que já processou cerca de 50% do leite da região de Uberaba, no Triângulo Mineiro, trocou quantidade por qualidade e aceita apenas produção orgânica há dois anos. A idéia de transformar a produção veio de uma visita da equipe aos Estados Unidos. "Lá conhecemos a proposta e compramos a idéia", conta Joselito Batista.
A empresa produz, atualmente, três mil litros de leite integral e desnatado por dia, mas pretende chegar a 15 mil em dois anos. São três produtores certificados e cinco em processo de transformação. "Temos uma fazenda com capacidade para oito mil litros/dia que será a maior produtora de leite orgânico do mundo", diz Joselito.
O empresário acredita que não falta mercado e não desanima com o custo maior. "É um trabalho que envolve ecologia, responsabilidade social e tem valor agregado muito superior. Não há como comparar com o preço do leite comum".
O produtor e beneficiador do café orgânico Gerana, Geraldo Eugênio Nossack concorda. "O pó de café encontrado nos supermercados é, em grande parte, de baixíssima qualidade" afirma Geraldo. Mas, comparada ao preço de cafés diferenciados e de boa qualidade, a alterção de preço fica entre 10% e 20%. "Também somos bem competitivos em relação ao café expresso. Como ele vem em grãos para o consumidor, não há como fazer misturas com cafés de qualidade inferior", comenta o produtor.
Para a Clorophila, que produz suco de trigo orgânico, o desafio é popularizar o produto, largamente utilizado nos Estados Unidos pela medicina ortomolecular para regenerar o sangue. De acordo com o fisioterapeuta e proprietário da empresa, Rodrigo Mascarenhas, as moléculas de clorofila são muito semelhantes às da hemoglobina e oferecem grandes benefícios para o corpo humano. "Estudei biomecânica, medicina ortomolecular, fitoterapia e fisioterapia por nove anos no Canadá e pude ver o largo uso do suco do trigo", conta. Depois de voltar ao Brasil, em 1998, ele abriu uma clínica de medicina ortomolecular e percebeu que havia espaço para o produto no País.
O trigo é plantado em estufas na região da Serra da Piedade, perto de Belo Horizonte. Toda a produção é orgânica e o vegetal é processado ainda jovem. "A farinha do grão do trigo, como consumimos largamente em todo o mundo, é considerada tóxica pela medicina ortomolecular. No entanto, a planta jovem é capaz de nos trazer muitos benefícios, como aumento da hemoglobina no sangue, relaxamento e diminuição do ferro livre, que "enferruja" em nosso corpo", explica Rodrigo Mascarenhas.
Algodão orgânico:
Os paranaenses vão expor em dois estandes, nos espaços do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Sebrae. Os expositores integram as associações Alternativa Pé na Terra e a de Produtores de Orgânicos das Águas dos Rios Paraná e Piquiri. As duas entidades representam cerca de 400 agricultores, com propriedades em 24 municípios, localizados no noroeste do Paraná. Ao todos são cinco mil hectares de áreas certificadas. Durante o evento, serão apresentados os resultados alcançados no cultivo do café, acerola, soja, mandioca, limão, laranja e algodão.
Dos produtos expostos, o algodão será o destaque. A experiência paranaense é uma das três existentes no mundo e a única do Brasil a apresentar certificado de produção orgânica. Em 15 hectares, foram colhidos 2.400 quilos de pluma, que foram transformados em dois mil quilos de fio. O fio foi processado em malha, usada na confecção de camisetas. Todo o processo será mostrado aos visitantes da feira. As informações são da assessoria de imprensa do Sebrae.