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BM&F cria contrato para álcool de olho na exportação

A meta é que em 3 anos as vendas externas sejam fixadas por meio de papéis


A meta é que em três anos a totalidade das vendas externas sejam fixadas por meio de papéis. De olho em um mercado que cresce a cada dia - o das exportações de etanol - a Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F) resolveu modificar seu contrato de álcool. O novo papel deverá estar em vigência a partir de maio. A meta da instituição é que em dois a três anos 100% das exportações do produto sejam fixadas pelo contrato. Se a projeção se confirmar, o volume negociado passaria dos 800 milhões de litros do ano passado - equivalentes a 23,5% das vendas externas - para 4,5 bilhões em 2008, um salto de 466%.

"É um instrumento de promoção. Quanto melhor e mais elaborado, mais factível que outros players participem. Estamos criando, de fato, o mercado do etanol", avalia Fernando Moreira Ribeiro, secretário-geral da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

As modificações no atual contrato foram feitas sob a anuência do setor, que queria um papel voltado ao mercado externo. Por isso, será cotado em dólar por metro cúbico, com o preço formado em Santos (SP). No papel atual, a referência é Paulínea. O vencimento do contrato segue mensal, mas com o prazo de entrega dilatado de oito para 22 dias úteis. Houve mudança também na liquidação. Antes havia um período, de cinco dias, para que fosse feita a baixa da entrega. Agora todos os posicionados vão automaticamente para a entrega, pelo critério de antigüidade.

Félix Schouchana, diretor de Mercados Agrícolas da BM&F, explica que as modificações vão estimular o uso do contrato para exportação. A intenção da bolsa é que o mercado externo seja o principal foco do novo papel. Segundo o diretor, facilita a exportação porque anteriormente, o preço tinha de ser recalculado, considerando-se o preço para a exportação, além de o comprador ter de contratar o frete até o navio. Agora, o papel já pressupõe a entrega no porto e, quando for usado para o mercado interno, é que terá de ser descontado o frete e acrescidos os impostos. "Talvez não alcancemos a cifra (de 100% das exportações) no primeiro ano. Pode ser no segundo ou terceiro. Mas, além disso, outros agentes entrarem no mercado, podemos ajudar a estimular as exportações", avalia Schouchana.

Segundo ele, consultorias de mercado apontam para uma exportação de 3,8 bilhões de litros neste ano - crescimento de 11% em relação a 2006 - e 4,5 bilhões para 2008 - alta de 18,4%. Os números do álcool são incipientes perto de todo o volume negociados pela bolsa - 1,3 milhão de contratos em 2006. Segundo o analista da Safras & Mercado, geralmente o volume negociado é superior ao volume físico produzido, o que não ocorre com o álcool - 800 milhões de litros contratados na bolsa ante uma produção de 17,5 bilhões de litros. "O número ainda é insignificante perto do volume físico e mostra a falta de liquidez do contrato atual", diz Barabach. Em sua avaliação, a mudança vai criar atratividade para o "papel vingar", ou seja, permitir que outros agentes, inclusive fundos, entrem neste negócio.

Segundo ele, a principal queixa de quem trabalha com álcool é que não há um mecanismo interno para fazer operação de hedge e gestão de risco - muitos acabam fixando preço na Bolsa de Chicago (CBOT), que está ligada ao mercado interno dos Estados Unidos. Além disso, segundo ele, a cotação em real é pouco atrativa para o investimento estrangeiro. A mudança do contrato será encaminhada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na próxima semana, que tem um mês para analisá-la.

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